18.12.06

Leituras

São muitos os livros de que gosto. Alguns os que adoro. Entre os que adoro está, sem dúvida, Erotica Romana. Este é um livro de Johann Wolfgang von Goethe, escritor alemão, nascido em Frankfurt am Main, a 28 de Agosto de 1749. Morreu em Weimar, na Alemanha, a 22 de Março de 1832. Goethe é um dos principais símbolos do Romantismo e da literatura alemã. Juntamente com Friedrich Schiller, liderou o famoso movimento literário romântico alemão “Sturm und Drang” (em português: “Tempestade e Paixão”).
Escreveu Erotica Romana, maioritariamente, aquando do seu regresso da estadia, em Itália, no período entre 1786 e 1788. No momento da sua publicação, foi obrigado a omitir algumas passagens pelo carácter indecente que as qualificava. Erotica Romana é o livro de uma poesia não preconceituosa, atrevida e símbolo do expoente máximo da sensação de emoção vestida de prazer do Romantismo. Sem pudor, Goethe revela-nos algumas das inúmeras experiências de prazer sexual que viveu durante a sua estadia em Itália. E a forma como as revela é, no mínimo, sublime! Consegue aliar à verdade da situação, histórias e fantasias da mitologia Greco-Romana. O conteúdo desta obra consegue, ainda hoje, causar espanto e vergonha a muita gente. Na época, foi fortemente contestado pela sociedade, principalmente pela elite feminina e eclesiástica, sendo apenas apoiado pelos amigos mais próximos. No mesmo livro, logo no 1º Priapeon, Goethe revela o que pensa de quem sente imoralidade numa relação sexual com o objectivo único de obter prazer:

Dá apenas contas dos hipócritas e dos pálidos e pudicos criminosos:
Se algum se aproximar e espreitar o gracioso espaço,
Repugnando os frutos da Natureza pura, então castiga-o por detrás,
Com a estaca que, encarnada, te cresce das ancas.”


Começar o livro desta forma foi de uma coragem considerada animal, mas idealmente grandiosa, não tendo medo de expor na sua obra todo o esplendor da arte do seu génio. E continua, sem medo de demonstrar que os actos que realizava eram com diversas mulheres:

Certa vez também a mim apareceu: uma rapariga morena,
Cabelos longos e escuros cobriam-lhe a testa,
Pequenos caracóis o gracioso pescoço
E as madeixas soltavam-se frisadas na nuca.
Não a ignorei, agarrei a fugitiva, e docilmente
Logo ela me devolveu o terno beijo e o abraço.
Oh, como me senti feliz! Mas silêncio, o tempo passou,
Agora sois vós, loiras tranças, como correias romanas me prendeis.”


E leva-nos a crer que o prazer sexual é benéfico à espiritualidade, sem que traga qualquer inconveniente:

Sigo o conselho dos Antigos, folheio as suas obras
Com mão solícita, todos os dias com renovado prazer.
Mas durante a noite prefiro ter as mãos em outros lados,
E se eu só aprender metade, terei o dobro do prazer.”


Segue-me depressa até ao canavial no fundo da vinha,
O nosso prazer não traz perigo ao mundo.


Leva-nos a acreditar que os seus actos são muito mais gloriosos do que os dos grandes imperadores e que valem mais do que nos livrarmos da dor de um julgamento:

Alexandre, César e Henrique e Frederico Magnos
De bom grado me dariam metade da glória conquistada
Se apenas por uma noite este leito eu lhes cedesse.”


“Antes desafiar de perto as Erímias com feitos medonhos,
Antes arriscar sofrer o duro julgamento
De Zeus, as suas rodas e rochedos,
Do que privar o nosso espírito do rito delicioso.”


Em toda a obra, demonstra apenas um caso de insatisfação:

“Sozinho, aborrece-me tanto o leito à noite.”

Podem constatar que é, realmente, um livro que ainda hoje seria altamente contestado. A mim, deliciou-me, para além da ideia contida, a linguagem utilizada e a forma como Goethe conseguiu transmitir o seu pensamento e as suas acções. É, seguramente, um livro que vos vai divertir e apaixonar. Leiam-no!
Para vos aguçar o apetite, deixo-vos mais uns excertos de que gostei:

E se ela quiser acomodar o amado entre os seus seios
Não desejará ele libertá-la logo de todos os adornos
?”

Deleitam-nos os prazeres do verdadeiro Amor nu
E o doce ranger da cama que baloiça.”


E quando a amada me rouba algumas horas do dia,
Dá-me as horas da noite em compensação.”



Pedro Santos 12ºB - ESEN

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