7.3.07

As habilitações de Sócrates!

O texto é longo, mas deixo uma ligação para os interessados se informarem sobre a trapalhada das habilitações académicas do nosso primeiro. Para quem tanto apregoa o rigor e a excelência não deixa de ser sintomático. O chico-esperto português no seu melhor. A investigação tem decorrido durante alguns anos e pode ser consultada no blog Do Portugal Profundo.
Neste blog deixo apenas as conclusões dessa investigação:
"O que se pode afirmar é que, contrariamente à afirmação de ser "engenheiro civil" que consta da sua "nota biográfica" oficial (consultada às 14:48 de 4-3-2007), José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é, nem nunca terá sido, engenheiro. Lembro que, conforme apurei quando escrevi o post sobre "Os cursos de Sócrates" (22-2-2005) o actual primeiro-ministro não estava, nem nunca terá estado, inscrito na Ordem dos Engenheiros.
(...)
O curso de Engenharia Civil da Universidade Independente ainda não está acreditado pela Ordem dos Engenheiros, conforme pode ser verificado nesta listagem consultada em 2-3-2007. Mas a acreditação do curso não é condição imperativa para a inscrição de um licenciado como membro efectivo da Ordem, isto é, segundo a lei portuguesa, como "engenheiro", desde que ultrapassada, conforme a própria Ordem estabelece, pela prestação de provas de admissão:
"a acreditação de um curso pela Ordem dos Engenheiros não é condição limitante para que um titular de uma licenciatura, ou equivalente legal, requeira e eventualmente veja aprovada a sua inscrição na Ordem dos Engenheiros. Titulares de uma licenciatura não acreditada, podem inscrever-se na Ordem dos Engenheiros se forem aprovados nas provas de admissão. A prestação de provas é dispensada para os candidatos oriundos de cursos acreditados pela Ordem à data da licenciatura." [realce meu]

Não consta que após a obtenção da licenciatura na Universidade Independente em 1996, José Sócrates se tenha submetido a essa indispensável prova de admissão, necessária tendo em conta que o curso da Universidade Independente não está acreditado pela Ordem, muito menos efectuado o estágio posterior requerido. E, na verdade, não é, nem nunca terá sido, membro efectivo da
Ordem e, portanto, engenheiro.

Conclusão do Dossier Sócrates - Parte II

Porém, teria convindo aos portugueses e ao próprio Estado que a Inspecção-Geral da Ciência, Inovação e Ensino Superior tivesse investigado o
assunto que lhe expus e requeri em 3 de Março de 2005, em vez de o arquivar (como fez em 7 de Abril de 2005). Insisto que não devem permanecer dúvidas sobre o curriculum académico do primeiro-ministro e o procedimento das instituições nesse percurso.Todas estas questões poderiam ser evitadas se o primeiro-ministro José Sócrates esclarecesse as dúvidas pendentes sobre o seu percurso académico. Porque o esforço, mesmo quando intermitente ou atribulado, de obtenção de graus académicos devia ser antes um motivo de orgulho de quem os consegue atingir. Ao contrário, a pendência das dúvidas e das lacunas no curriculum académico do primeiro-ministro de Portugal não o prestigiam e muito menos prestigiam a digna função que ocupa.
Limitação de responsabilidade (disclaimer): foi minha preocupação neste post, distinguir as informações não confirmadas - não lhe atribuindo estatuto de validade, rigor ou realidade - dos factos cuja prova documental aqui se publica. José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa não é suspeito nesta etapa do seu percurso académico da realização de qualquer ilegalidade ou irregularidade."

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8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Grato pela referência. Assim andamos - ou, pior, regredimos!...

7/3/07  
Anonymous Anónimo said...

Portugal dos Pequeninos
O homem não será engenheiro. E que importância tem isso? O que ele precisa é que lhe chamem ENGENHEIRO! Para isso não necessita nenhum curso de engenharia nem das suas equivalências.
Ora ponham-se lá a contar quantas pessoas se apresentam por aí como doutores sem nunca terem feito um doutoramento? Eu sei lá... se calhar algumas dessas pessoas até andam metidas na tal pesquisa para descobrir se um tal de Sócrates é engenheiro!
Se em vez de engenheiro se fizesse chamar doutor...

Dr. Eng. Arq. Dom João II

9/3/07  
Anonymous Anónimo said...

Muito bem observado, alteza!
Os doutores faz de conta (=sotores) andam preocupados por um engenheiro que talvez seja faz de conta. Será inveja? Medo de que se generalize a mania de usar títulos que não suaram?
Já agora, alteza, e sem ânimo de ofender, diga-me lá em que universidade é que V. Alteza conseguiu o seu doutoramento e as suas licenciaturas em engenharia e arquitectura?
Perdão, que devo mandar essas perguntas à Rainha Dona Leonor? Sim, Alteza, amanhã sem falta, por email. Muito agradecido.
Humildemente, seu súbdito

10/3/07  
Anonymous Anónimo said...

O problema com a Comunicação Social é ainda mais grave do que parece.
É óbvio que há muita gente na Comunicação Social a saber muito mais do que vem no Portugal Profundo, sobre o percurso escolar do Sócrates e sobre outras coisas. E é de aí que vem a força toda do Sócrates, enquanto cumprir o que lhe mandam estará no poder e será louvado e gabado. Quando deixar de cumprir será arrasado em menos de um mês pois todos os seus rabos de palha serão publicados.
A publicação da história do diploma no Crime é mais uma ameaça do que qualquer outra coisa. Trata-se de um jornal sem crédito e portanto a notícia tem pouca credibilidade, mas é a indicação de que pode sair para outros jornais.
E isto porquê? Porque o Sócrates não cumpriu exactamente o que se pretendia dele ao dizer que o despedimento de funcionários públicos não seria livre e dependeria de um processo disciplinar.
Foi grave pois já havia muita empresa a afiar o dente ao Orçamento de Estado e que assim vai ter de esperar uns dois anos...
Assim teve o primeiro aviso...

13/3/07  
Anonymous Anónimo said...

O caro Vitor Amado tem razão quando diz que as provas de admissão para a ordem dos engenheiros é necessária para usar o título de Engenheiro, no entanto repare que são 2 ou 3 as Universidades que têm tal reconhecimento com destaque para o IST.
Repare que todos os Politécnicos deste pais que formam engenheiros em licenciaturas bietapicas de Bacharel+Licenciatura (3+2 anos), com todo o rigor e qualidade do ensino publico, eles proprios não têm s seus cursos reconhecidos.
Deixe-me abrir a sua mente: A ordem dos engenheiros é uma máfia elitista que não tem qualquer interesse em alargar o espectro dos seus admitidos.
Porque é que isto não é problema ?
Porque Portugal tem um tecido empresarial de pequenas emédias empresas que contratam engenheiros não por o título, mas pela sua preparação teórica e técnica que engorda os rendimentos do empregador.
Se o engenheiro não der ao seu empregador uma justificação para o seu ordenado, então meu caro não há inscrição na ordem que lhe valha.
Por isso o pergunta correcta deveria ser: Os conhecimentos adquiridos pelo nosso primeiro conferem-lhe competências governativas ? - E para isso teria que haver uma investigação ao curriculo do curso que completou, pois pode até ser muito bom (não sei) mas a ordem também não quer saber.
Voce sabe quais são os critérios para o reconhecimento ?

RP
Eng. Téc. Electrotécnico
Formado pela escola superior de tecnologia de Faro.
Universidade do Algarve.

PS: Inscrito na ANET
Curso não reconhecido pela ordem, como a maioria.
Competência reconhecida pelas pessoas com quem trabalha e priva.

18/3/07  
Anonymous Anónimo said...

Não discuto se pode ou não ser chamado de Engenheiro. Contudo, não creio que a OE esteja acima dos organismos publicos que certificaram a Univ.Independente e o curso de Eng.Civil desta instituição.

Agora que é um Primeiro-Ministro Corajoso e Determinado, é um facto.

20/3/07  
Anonymous Anónimo said...

É uma chico esperto que comprou uma licenciatura.

Em relação á Ordem dos Engenheiros ser elitista é de notar que tal acusação vem sempre dos mesmos cursos sem qualidade para serem reconhecidos.

Ass. Eng. Civil pela Universidade de Coimbra

22/3/07  
Anonymous Anónimo said...

Pela verdade acima de tudo

Acredito que seja consentâneo, para muitas pessoas, admitir que a posse de um qualquer título académico não confere ao seu detentor características especiais de competência, idoneidade, respeitabilidade ou qualquer outra virtude.

No entanto, também acredito que só pessoas com vicissitudes de carácter (vulgo, sem carácter) possam aceitar ou cometer a ilicitude do uso indevido de um qualquer prefixo com o intuito de se obter alguma espécie de contrapartida pelo facto. Acresce que, tal “artimanha” só pode constituir-se como uma assunção de insegurança e/ou incapacidade própria de indivíduos que para singrarem, seja em que meio for, não se cingem à simples manifestação de atributos ou méritos legitimamente comprovados, pelo menos, na área em que pretendam vingar e não numa outra qualquer, se é que me faço entender sem baixar demasiadamente o nível…

Por outro lado, não me custa admitir que já poucos acreditem que, na maioria dos casos, as ascensões de carreira tenham dependido apenas da constatação do mérito dos “bem sucedidos”. Mas afinal o que é o sucesso? Provavelmente, muitos de nós somos bem sucedidos em algum determinado aspecto. Por exemplo, considero que algumas das pessoas que conheço são bem sucedidas na manutenção de valores como a lealdade e a honestidade, isto apesar de todos os maus exemplos pelos quais se poderiam deixar influenciar. Será que afinal isto já não importa?

Para exemplificar o supracitado, passo a contar uma história que espero não se torne demasiadamente fastidiosa, apesar de constituir um mero desabafo e, porventura, assumir contornos idênticos aos de tantas outras histórias. A única diferença, para mim e, infelizmente, também para quem prezo, é que fomos directamente envolvidos.

Uma autarquia do sul do país abriu um concurso público, cujo caderno de encargos definia a necessidade de nomeação de um responsável licenciado em engenharia com experiência comprovada, pela empresa adjudicatária. A nomeação foi feita por quem de direito e o licenciado em engenharia lá apareceu. Era eu. Embora, um pouco mais jovem e muito mais ingénuo!

Com o início dos trabalhos a aproximar-se, realizou-se uma reunião de apresentação entre representantes das entidades adjudicante e adjudicatária. Nessa reunião, e para início de “hostilidades”, um técnico e um responsável autárquicos interpelaram para exigir a comprovação das minhas habilitações académicas, relembrando na ocasião a obrigatoriedade prevista em caderno de encargos. Acedi a fazer prova das minhas habilitações pois, obviamente, cumpriam integralmente com o exigido.

Os trabalhos preparativos previstos iniciaram-se e seguiram-se dias, noites, semanas e meses de esforço com o qual, aliás, já contava. Completei demasiados dias consecutivos de trabalho sem as normais interrupções para o devido descanso.

No entanto, os representantes autárquicos referidos, insistiram em desprezar todo o empenho evidenciado, tanto por mim, como por várias pessoas que integraram a mesma incansável equipa de trabalho. A insatisfação aparente dessas personagens, verdadeiros caciques autárquicos, revelou-se como uma condição e nunca um estado, tal foi a absurda quantidade e qualidade de obstáculos por eles obstinadamente levantada. Dadas todas as dificuldades criadas, para as quais não encontrava qualquer explicação minimamente razoável, e apesar de continuar confiante na minha inquestionável competência, acabei por ceder e desistir do projecto.

Na sequência da minha desistência do projecto, os supra mencionados representantes autárquicos, com surpreendente prontidão e “amabilidade”, sugeriram um substituto para a sucessão que, imagine-se tamanha “coincidência”, havia manifestado interesse “recente” no desempenho do cargo então colocado em aberto. A personagem sugerida foi nomeada e a sucessão deu-se assim “tranquilamente”. Também foi com “tranquilidade” que se abafou o facto “agora já insignificante” de o novo responsável pelo projecto não possuir as habilitações académicas exigíveis para o exercício da função em causa, isto apesar de o mesmo não prescindir de se apresentar como licenciado, responsável pelo projecto, e assinar documentação vária com o indispensável “ENG.” a prefixar o seu nome.

Ingenuamente, procurou-se a denúncia dos factos supracitados às entidades “competentes” (mas pouco). No entanto, os processos de averiguação que decorreram pouco concluíram. Quase todas as irrefutáveis provas documentais e testemunhais, que não foram poucas, caíram em saco roto, e acabou por se dar o muito conveniente arquivamento. O único resultado prático consistiu nas lamentáveis e cobardes ameaças, inclusivamente, à integridade física e à dignidade inatacável dos denunciantes e das testemunhas. Como “cereja no topo do bolo”, fica o registo “humorístico” do suposto licenciado em engenharia que alega o facto de, por mero lapso, ter assinado inadvertidamente largas dezenas ou mesmo centenas de documentos durante meses, todos eles redigidos por terceiros (imagine-se como será possível…), sem dar conta do facto de nestes constar referência errónea à sua pretensa formação académica, bem como às funções de responsabilidade que também passou a alegar nunca ter exercido. Afinal, a personagem em causa que, só possuía frequência universitária, supostamente apenas exerceu funções de “porta-voz”.

Reportando agora ao tema da alegada apresentação de habilitações literárias falsas, ou apenas “desvirtuadas”, no currículo do Sr. José Sócrates, Primeiro-ministro de Portugal, e ressalvando a possibilidade de se verificar a sua presumível inocência na matéria em apreço, a não ser que se produza prova irrefutável em contrário, oferece-me comentar que, aconteça o que acontecer na realidade, o desfecho só poderá ser um… O do inevitável e conveniente esquecimento pois valores mais altos se levantam.

DÉJÀ-VU…

P. S. - Espero que se possa compreender a omissão da identificação de personagens e entidades como um acto de auto preservação e nunca cobardia.

SILVA, um português.

24/3/07  

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