21.3.07

A ministra da cultura

Está a decorrer na TVI um concurso denominado "A Bela e o Mestre". Na esteira de outros similares, como o Big Brother. O que sei do programa resume-se a uma leitura superficial do que vai saindo na imprensa. Na televisão, vi uns vinte minutos, se tanto, e sempre repetições do que por lá vai decorrendo. Não posso, portanto, fazer uma crítica fundamentada e substantiva.
Mas a ministra da cultura, pelo vistos, pode. Questionada sobre o citado progama, afirmou que nunca o vira, mas acrescenta
"seria de elementar bom senso uma posição da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres. (CIDM)"
  1. Nunca viu o programa, mas aconselha...???

No entanto, tem intenção de "estar atenta,doravante, ao programa..."

Duas breves notas sobre o caso.

  1. A televisão em causa é uma estação privada, cumpre os requisitos legais para emitir. Se o que está consignado na legislação não está a ser cumprido, há uma entidade reguladora para a comunicação social que deve tomar posição. Interferências do poder político sobre a programação de qualquer estação de televisão são condenáveis e perigosas. Apelar para que a CIDM intervenha parece-me patético. Se as "belas" do programa não sabem identificar, por fotografia, Fidel Castro, a Princesa Diana ou Camões, embora grave, não se estranha. Afinal, elas estão lá para mostrar outros atributos que não responder a perguntas de tão elevado grau de dificuldade. A senhora ministra deixe a CIDM preocupar-se com outras situações bem mais graves de atentado aos direitos da mulher, e já tem muito que fazer, e não ande a reboque dos mexericos e fofoquices de uns tantos que valorizam aquilo que é lixo televisivo.
  2. Esta ministra devia preocupar-se com assuntos, esses sim bem mais importantes.
  • Explicar, por exemplo, por que razão contribuiu para o fim da "Festa da Música" , evento singular no panorama cultural português;
  • devia explicar por que razão há galerias de museus encerrados ao fim de semana por falta de funcionários;
  • explicar, claramente, a negociata que fez com o empresário Joe Berardo a propósito da sua colecção de pintura;
  • justificar a quase ausência (e pobreza) de eventos culturais, apoiados pelo governo, num país que vive, há anos, sob a sombra tutelar da Fundação Calouste Gulbenkian;

Deixe as "belas" mostrarem o que têm e os "mestres" afagarem-lhes os cabelos...E a senhora, se não é capaz de melhor, deixe-nos em paz também.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E a indelicada e estranha exoneração do Sr. Paolo Pinamonti da direcção do Teatro Nacional de S. Carlos!!!

23/3/07  

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