19.5.07

Os números do desemprego

A propaganda é um meio quase sempre eficaz para esconder os fracassos. Não me admira, por isso, que se tenha recorrido ao velho truque para iludir a opinião pública com os números do desemprego. E essa manipulação não foi ingénua, como nunca é. O governo sabia, com toda a certeza, os números que estavam para ser anunciados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Devastadores para a sua imagem. A taxa de desemprego iria atingir os 8,4%, a mais alta dos últimos 20 anos, o número de desempregados estimado em 470 mil.
Perante isto, que fez o governo? Antecipou-se e, servindo-se de dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), referiu um decréscimo anual de 10,4%, estimando o número de desempregados em 420 mil.
De há muito que a credibilidade e independência do INE é reconhecida; o mesmo não posso dizer do IEFP. Por conhecer pessoas que trabalham neste último instituto, sei das enormes pressões a que os seus dirigentes estão sujeitos para apresentarem números mais cor de rosa. Cada um que retire as conclusões que entender. E fique com a "verdade"que lhe parecer mais politicamente correcta.
Acrescento apenas mais um facto. Não deixa de ser curioso que o patrão dos patrões, Francisco Van Zeller, tenha vindo à televisão defender tão acerrimamente os números do IEFP.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há que saber como são encontrados os valores.
Os númerosd o INE são obtidos por sondagem, interrogando as pessoas e obtendo a percentagem dos que dizem não estar a trabalhar. ( São no entanto esses que são aceites na UE)
Os do IEFP são obtidos com base no nº de inscritos nos centros de emprego.
A minha opinião:
Os do INE traduzem "estados de espirito" como qualquer votação por televoto.
Os do IEFP traduzem a mentira social de imensa gente que trabalha e a ganha o subsídio de desemprego, em prejuízo daqueles que fectivamente estão sem trabalho.

19/5/07  

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