5.10.07

O discurso de Cavaco no 5 de Outubro

Concorde-se ou não com a personagem, o discurso do Presidente da República deve ser lido com atenção. Por várias razões:
  • foge aos lugares comuns, tão habituais em época de "sound bytes" e de propaganda.

"Referi também, há precisamente um ano, neste mesmo lugar, os ideais cívicos do republicanismo, enaltecendo a dimensão ética da cultura republicana e as exigências daí decorrentes, nomeadamente no que respeita à responsabilização dos titulares de cargos públicos e ao combate à corrupção." (...)

"Não por acaso, a Primeira República foi um período em que se destacaram notáveis pedagogos, em que foram lançadas iniciativas inovadoras, como as escolas-oficinas, ou aprofundados projectos educativos, como o dos jardins-escolas."

  • centraliza grande parte do discurso na educação.

"De acordo com os dados do recenseamento populacional de 2001, 45% da população entre os 18 e os 24 anos não foi além da escolaridade obrigatória nem frequentou qualquer curso de formação profissional. (...) Nesta ocasião, gostaria de propor aos Portugueses um novo olhar sobre a escola, sobre um modelo escolar construído à luz da ideia de inovação social. (...) Temos, de facto, de adoptar uma nova atitude perante a escola. Temos de perceber que aí residem os activos mais importantes do nosso futuro."

  • critica um certo laxismo dos pais e encarregados de educação.

"Preocupamo-nos em cuidar dos nossos filhos no plano material, mas é frequente julgarmos que a educação, o bem mais importante e decisivo para o seu futuro, é tarefa que compete sobretudo a outros. Muitos continuam a encarar as escolas como «fábricas de ensino», para as quais enviam os filhos e aí depositam por inteiro o trabalho de os formar para o futuro. A primeira grande interpelação deve ser feita aos pais: de que modo participam na educação dos vossos filhos?"

  • valoriza o papel do professor ( Ah, há quanto tempo não ouvia (lia) isto!!!)

"Esse envolvimento pressupõe também, como é natural, que a figura do professor seja prestigiada e acarinhada pela comunidade, o que requer, desde logo, a estabilidade do corpo docente. É também necessário compreender que, em larga medida, a dignidade da função docente assenta no respeito e na admiração que os professores são capazes de suscitar na comunidade educativa, junto dos colegas, dos pais e dos alunos. A comunidade envolvente deve apoiar os professores na sua missão. O combate ao abandono ou ao insucesso escolar, por exemplo, não pode ser empreendido apenas pelos docentes."

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ó VA,

finalmente estou (quase) de acordo. Eu, que nem simpatizo "com a personagem". Eu que nem simpatizo com esta república.

...Veremos se "a personagem" não troca um dia destes a posição deste discurso pelo apoio a um governo que não é propriamente dado a "valorizar o papel do professor".

Desta vez dou-te um abraço amigo. Ou preferes um fraterno?

6/10/07  
Anonymous Anónimo said...

O discurso referido foi citado e parcialmente aplaudido no coliseu dos recreios, hoje. Foi o insuspeito Carvalho da Silva quem o fez...
Sócrates continua a vociferar asneirada e a sinistra esteve calada/ausente.
É caso para dizer, valha-nos Cavaco Silva... :-))

6/10/07  
Blogger lourenja.blogspot.com said...

Ouço este discurso há bastante tempo, mas talves vocalizado por pessoas menos importantes e, assim não tem valor. Dito por um PR aumenta os déciBeis.
Enquanto não se valorizare o resutado académico ou profissional e se continuar a preferir mão de obra barata o discurso será em vão.
ex.:Um candidato com licenciatura não é aceite em detreminada função porque tem habilitações a mais , obriga a vencimento mais elevado e tem maior cacidade reivindicativa...

6/10/07  

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