16.4.08

Poema da Semana

Pretende iniciar-se hoje uma rubrica semanal de homenagem à poesia e a poetas diversos. Por escolha minha - ou sugestão de amigos e leitores -, espera-se que cada um possa fruir da beleza da palavra escrita por quem melhor interpreta a alma humana. Começo com um nome grande da poesia portuguesa - Sophia de Mello Breyner Andresen -, uma das que mais admiro.
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo
Livro Sexto, 1962

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5 Comments:

Blogger Vera Márcia said...

Adoro as palavras da nossa amiga Sophia de Mello Breyner. Seja em poema, prosa ou o que quer que seja que ela tenha feito para ela, para partilhar connosco. Adoro a intensidade das suas palavras...
bem escolhido...

16/4/08  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

17/4/08  
Blogger Nina Souza said...

lindo texto, não conhecia.
vou procurar mais coisas dela na internet
:)

17/4/08  
Anonymous Anónimo said...

Este poema e lindo :)

Beijufas de Luz!!

17/4/08  
Blogger Dani said...

:) �.. Ainda h� coisas bonitas e que tocam. =)

17/4/08  

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