17.7.09

As "Novas Oportunidades"

Uma das bandeiras do (des)governo socrático, no campo da educação, foi a tentativa de promover a educação de adultos através das chamadas "novas oportunidades". Uma colega, em texto publicado, e que me chegou por mail, arrasa este sistema de pseudo valorização das pessoas. Aqui fica o seu desabafo:
A
ignorância
certificada
"O
país
encontra‐se
com
uma
taxa
muito
baixa
de
escolaridade
em
relação
aos
países
da
EU
(União
Europeia).
Logo
há
necessidade
de
colmatar
esta
situação
e,
para
isso
foram
criadas
“As
Novas
Oportunidades”,
 uns
 cursinhos
 intensivos
 de
 três
meses,
 no
 fim
 dos
 quais
 os
“estudantes”(agora
 com
 o
 nome
 pomposo
 de
 formandos)
 obtêm
 o
 certificado
 de
equivalência
ao
9º
ou
12º
anos.
Fantástico,
se
os
cursinhos
fossem
a
sério!
...

Perante
 a
 publicidade
 aos
 referidos
 cursos,
 aqueles
 que
 abandonaram
 a
 escola
 ou,
 por
qualquer
 razão
 não
 concluíram
 um
 dos
 ciclos
 de
 escolaridade,
 esfregaram
 as
 mãos
 de
contentes,
uma
vez
que
agora
se
lhes
oferece
a
oportunidade
de
obterem
um
certificado
de
habilitações
 que
 lhes
 poderá
 vir
 a
 ser
 útil.
 E
 como
 diz
 o
 ditado”mais
 vale
 tarde
 do
 que
nunca”,
eles
lá
se
inscreveram.
Por
outro
lado,
três
meses
das
7.00
às
10.00
horas,
horário
pós‐laboral,
uma
vez
por
semana,
era
coisa
fácil
de
realizar.
Coitados
daqueles
que
andam
3
anos
(7º,
8º
e
9º
anos)
para
concluírem
o
3º
ciclo!!!
Isso
é
que
é
difícil!

Na
rua,
no
café,
nos
 locais
públicos
em
geral
ouve‐se:
“Ah!
Agora,
ando
a
estudar!
Ando
a
fazer
o
9º
ou
12º
ano!
Aquilo
é
porreiro,
pá!”

Entretanto,
 há
 pessoas
 com
 quem
 contactamos
 no
 dia‐a‐dia,
 mais
 próximos
 de
 nós, o
cabeleireiro,
o
sapateiro,
a
empregada
doméstica,
etc.
que
 também
nos
confidenciam
com
ar
feliz:
“Agora,
com
esta
idade,
ando
a
estudar!
Ando
a
fazer
o
9º!”
E
nós,
simpaticamente,
sorrimos,
 abanamos
 a
 cabeça
 e
 dizemos
 que
 fazem
 bem,
 sempre
 é
 uma
 mais
 valia…
contudo,
 numa
 dessas
 conversas,
 tentei
 descobrir
 que
 disciplinas
 constavam
 do
 curso,
ficando
a
saber
que
eram
Português,
Matemática,
Informática
e
Cidadania
para
o
9º
ano;
e
indaguei
ainda
como
eram
as
aulas
e
a
avaliação
final.

E
 fiquei
 atónita.
 Em
 Português
 o
 formando
 teria
 que
 escrever
 a
 história
 da
 sua
 vida
 e
 a
razão
por
que
 se
 inscreveu
no
 curso,
 sendo
o
 texto
 corrigido
 aula
 a
 aula
pela
respectiva
formadora;
Matemática
consistia
em
efectuar
cálculos
básicos
e
apresentar,
por
exemplo,
a
receita
de
um
bolo
e
duplicá‐la;
para
Informática
apercebi‐me
que
seria
a
apresentação
do
trabalho
 escrito
 e,
 posteriormente,
 quem
 quisesse
 apresentá‐lo‐ia
 em
 “powerpoint”;
 em
Cidadania,
os
 formandos
apresentavam
os
diferentes
resíduos
e
diziam
em
que
contentor
os
 deveriam
 colocar.
 A
 nível
 de
 Português
 ainda
 foi
 pedida
 a
 leitura
 de
 um
 livro
 e
 seu
comentário,

sendo
a
selecção
ao
critério
do
 formando
o
que
deu
origem
a
autores
“light”,
nada
de
autores
portugueses
de
renome;
a
acrescer
a
este
comentário
 teriam
 também
de
fazer
a
apresentação
crítica
a
um
filme
e
a
uma
reportagem.
Todos
estes
elementos
seriam
entregues
num
dossier,
cuja
capa
ficaria
ao
critério
de
cada
formando.

Três
 meses
 passaram
 num
 abrir
 e
 fechar
 de
 olhos,
 por
 isso
 um
 destes
 dias,
 enquanto
aguardava
 a
 minha
 vez
 para
 ser
 atendida
 no
 consultório
 médico,
 fui
 brindada
 com
 o
dossier
do
curso
da
recepcionista
e
respectivo
certificado
de
9º
ano.
Engoli
em
seco
aquelas
páginas
 recheadas
 de
 erros
 ortográficos
 e
 de
 construção
 frásica,
 desencadeamento
 de
ideias
e
falta
de
coesão,
(…),
entremeados
por
bonitas
fotografias;
na
II
parte,
umas
contitas
simples
e
duas
 tábuas
de
multiplicação;
e
em
Cidadania,
os
 contentores
do
 lixo
 coloridos
com
a
indicação
dos
resíduos
que
se
põem
lá
dentro.
Em
 seguida,
 com
 um
 sorriso
 muito
 branco
 (nem
 o
 amarelo
 consegui!)
 e,
 como
 bem‐educada
 que
 sou,
 felicitei
 a
 dona
 do
 dossier
 cuja
 capa
 estava
 realmente
bonita,
 original,
revelando
 bastante
 criatividade
 e
 ouvi‐a
 alegre
 dizer:
 “A
 formadora
disse‐me
 que
 tinha
hipóteses
de
fazer
o
12º
ano.
Logo
que
possa,
vou
fazer
a
minha
inscrição!”
Fiquei
 estarrecida,
 sem
 palavras
 para
 lhe
 dizer
 o
 que
 quer
 que
 fosse.
 “As
 Novas
Oportunidades”
 são
 isto?
 Está
 a
 gastar‐se
 tanto
 dinheiro
 para
 passar
 certificados
 de
ignorância?
Será
que
todos
os
formadores
serão
iguais
a
estes?
E
o
9º
ano
é
escrever
umas
tretas
e
ler
um
Nicholas
Sparks
e
um
artigo
da
revista“Simplesmente
Maria”?
E
o
12º
ano
será
a
mesma
coisa
(queria
dizer
chachada)
acrescida
de
uma
língua?

Continuando
assim
o
país
a
tapar
o
sol
com
a
peneira,
teremos
em
poucos
anos
a
ignorância
certificada!"
Marta
Oliveira
Santos, Licenciatura em Filologia Românica; colaboradora de várias publicações.

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9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esperava-mos o quê?
Mentes Brilhantes, que por si só aprendessem?
Já que os formadores, esses sim são brilhantes. Não se importam de desaprender para entrar algum (pouco ou muito) na carteira.
Quem quer e não tem possibilidades, leva com a porta na cara.
Como é fácil aprender neste País!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

18/7/09  
Anonymous Anónimo said...

Se tenho direito a dizer o que quero porque sou livre, então tenho o dever de saber o que digo.
É muito facil criticar tudo e mais alguma coisa, mas quando pensamos que antes existiam pessoas que davam erros a escrever e que hoje são os donos das empresas onde supostos Engenheiros que reclamam com as novas oportunidades trabalham, chegamos à conclusão que a critica é uma merda!

24/7/09  
Anonymous Anónimo said...

Ou que quem aprendeu?????!!!!!!!!!!!
Aprendeu pouco e mal.

30/7/09  
Anonymous Júlio de Mattos said...

Olá!!!

Mas se o socretino obteve assim o canudo não existe razão nenhuma para os outros maus alunos não terem direito a um canudo parecido.

Já se sabe quando aparecerem com o canudo das "velhas oportunidades" já não enganam ninguém

Ficam com a ignorância certificada

Tal como o louco que sempre pode apresentar atestado médico a comprovat que está de mente sã.

21/8/09  
Anonymous Anónimo said...

Cocordo com o JÚLIO
TODOS OS MERCENÁRIOS DEVIAM AGRADECER A TODOSOS IGNORANTES QUE MATÊM O ESTUTO PARA O QUAL TRALHARAM,PORQUE SEM ELES NÃO AVLALIARIA UMA SIMPLES,ENÇHADA VIDA
ZINCO, DO FERRO,FORAM TODOS APRENDENDO QUE ERA O OBJECTIVO.FORAM UMA GRANDE DESTES HOMEMS QUE E AINDA SÃO QUE MANTEM ISTE PAIS A FUNCIONÁR. NÃO OS OSTILIZEM POR FAVOR.AGRADEÇAM PORQUE FORAMQUE VOS PROCIONOU QUALIDADE DE VIDA. !E MAIS NADA!!!!!!!!!!!!!!!

21/9/09  
Anonymous Anónimo said...

Concordo com o júlio
E esses homens continuam a não saber ler nem escrever mas aprenderam pelo trabalho, a saber gerir a maioria dos senhores engeheiros, economistas que os governo lhes impõem estes últimos no inicio só sbiam que iam
ocupar um de destaque, e íam rechear a carteira á custa desses incultos mas que para sigrar na vi yn

21/9/09  
Anonymous Anónimo said...

Fique sabendo, que a experiência de vida é um bom argumento para ter uma certificação,Não é o canudo que faz o engenheiro ou o doutor, é a experiência, o canudo dá as bases. Fique sabendo que paises como a Noruega, Canadá e França Já reconheceram a importância da certificação de adultos e tem cursos destes a funcionar á muitos anos. Um pensamento elitista e sobretudo preconceituoso é o maior entrave ao progresso. è necessário "ver mais longe"

7/11/09  
Anonymous Anónimo said...

ignorante é quem escreveu isto porque acha que é uma pessoa muito intelegente por ter estudado nós aprendemos é com a vida e muito não é a passear os livros seu ignorante não és o rei do mundo.

30/3/10  
Anonymous Anónimo said...

ignorante é quem escreveu isto porque acha que é uma pessoa muito intelegente por ter estudado nós aprendemos é com a vida e muito não é a passear os livros seu ignorante não és o rei do mundo.

30/3/10  

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