5.10.17

FALECEU JALAL TALABANI

Jalal Talabani, o primeiro Presidente do Iraque após a queda de Saddam Hussein, de 83 anos, faleceu ontem na Alemanha, onde se encontrava hospitalizado.
Foi também o primeiro iraquiano de etnia curda e não árabe a assumir a presidência, iniciada em 2005 e terminada em 2014.
Após a invasão do Iraque em 2003 por uma coligação liderada pelos EUA, que derrubou Saddam Hussein, um árabe sunita, a diplomacia EUA tentou colocar em altos cargos do Iraque representantes dos três maiores grupos existentes no país: xiitas, sunitas e curdos.
Assim, a Presidência (sem grandes poderes) seria entregue a um curdo, o governo ao partido que ganhasse eleições, ou conseguisse formar governo, e a Presidência do Parlamento a um sunita.
O grupo mais numeroso era e é xiita, ocupando o sul do país, com grandes afinidades ao Irão. Os sunitas encontram-se mais no centro, incluindo Bagdad (onde, todavia,  há o célebre bairro xiita al Sadr, de 2 milhões de pessoas, chamado Saddam Hussein na ditadura deste, e que constituiu o maior foco de insurreição anti EUA, liderada por Moqtad al Sadr, xiita, como o pai).
Os cristãos, caldeus e assírios, cerca de 1 milhão e 500 mil antes de 2003, viviam essencialmente no centro norte, planície de Nínive e Curdistão, embora também haja comunidades espalhadas pelo sul.
As primeiras eleições relativamente livres ocorreram em fevereiro de 2005. Foram ganhas por uma coligação xiita liderada pelo ayatollah al Sistani, figura carismática de oposição frontal a Saddam, com 47,6%, ficando em segundo lugar a coligação curda com 25,4%, e em terceiro o partido do xiita Iyad Allawi, de tendência secular, ex primeiro ministro do governo provisório, com 13, 6%.
A abstenção rondou os 59%, muito porque os sunitas não participaram.Devido à repressão sangrenta que os curdos sempre sofreram no Iraque (como na Turquia, Síria e Irão pós Khomeiny...), juntou-se ao Partido Democrático do Curdistão de Mustafá Barzani - pai do atual líder do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, que liderou o sim pela independência do Curdistão Iraquiano no recente referendo - na grande revolta curda de 1961.
Mais tarde, fundou a União Patriótica do Curdistão por divergências com Massoud Barzani.
Foi um constante lutador pela independência do Curdistão, amigo e defensor dos Cristãos, (tal como Barzani) que encontraram no Curdistão porto seguro contra as perseguições cruéis e sanguinárias de sunitas e xiitas mais dedicados á violência.
Talabani era uma figura consensual, de diálogo, muito bem aceite pelas várias etnias, o que lhe valeu uma relevância superior aos poderes de presidente. Encontrou-se várias vezes com o Papa Bento XVI, com quem discutia essas perseguições, ele que bem sabia o que era sentir na pele esse sofrimento.
Apesar de atualmente os media venderem, como dado quase científico, o embuste da inexistência de armas químicas na posse de Saddam, Talabani sabia muito bem dos milhares de curdos (e xiitas) assassinados por Saddam que mandara envenenar alguns rios no Curdistão, dizimando aldeias e pequenas cidades. O nome do General Ali, de cognome o químico, diz bem das atrocidades da era Saddam.
Depois do tempo de paz e prosperidade resultante das "non fly zones" estabelecidas na sequência da guerra de 1991 ( os aviões EUA e R.U. impediam os aviões e tropas de Saddam de utilizar 

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