DESCALABRO DO SNS, MORTES POR DOENÇAS GRAVES E COVID
Transcrevo um desabafo, mas também muito crítico, de um médico sobre o desprezo fatal ( sim, a palavra é minha, forte, mas real…) que doentes graves sofrem por falta de resposta do SNS (digo eu…) quase totalmente absorvido por COVID:
Pedro Girão, médico Anestesista:
"Para mim, o Covid tornou-se um não-assunto, que me impacienta, do qual não consigo falar sem amargura, porque matou a minha fé na bondade de muita gente que eu prezava. Não consigo continuar focado em menos de 5 mortes por dia, num país em que morrem em média, por dia:
10 pessoas por complicações de diabetes,
12 por enfarte de miocárdio agudo e rapidamente fatal,
15 por pneumonias não-Covid,
20 por outras doenças respiratórias não-infecciosas,
20 por doença cardíaca isquémica,
30 por outras doenças cardiovasculares,
mais outras 30 só por AVCs, e
80 por cancro (e vão subir bastante, todas elas, podem ficar tranquilos quanto a isso).
O modo como tanta gente desvaloriza esses números, e ao mesmo tempo valoriza o Covid, radica numa enorme suscetibilidade à manipulação de massas e numa falta de inteligência emocional, uma ausência de amor ao próximo que me entristece e repugna. O modo como vejo muitos médicos (não) atuar e (não) tratar os doentes é revoltante e é a negação dos princípios mais básicos que prometeram seguir. Mas sei que dizer tudo isto é inútil e desnecessário. Todas as palavras acerca do Covid são inúteis e desnecessárias, porque cada um constrói a sua própria verdade e desenha o seu próprio rumo, o seu próprio Norte, ou o seu próprio desnorte."
Etiquetas: cancro, Covid, Pedro Girão, SNS
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