E agora, Dr. Louçã?

Aceito que o Dr. Louçã seja um bom economista. Tecnicamente julgo ter atributos que o distinguem no meio. Mas para além de economista, também é deputado e o dirigente mais emblemático do Bloco de Esquerda (BE), partido que junta os desiludidos de uma certa esquerda radical, partido de "causas fracturantes", entre outros qualificativos. Em resumo, partido que não tem pretensões de ascender ao poder, é ouvido, embevecidamente, e as suas palavras são escutadas religiosamente. O Dr. Louça tem poses. Uma das mais conhecidas é quando põe aquele ar sério de seminarista e se arvora em figura moral e impoluta do regime.

Nas últimas eleições autárquicas, o BE teve um azar tremendo. Conseguiu ganhar a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Estaríamos todos à espera que daí resultasse um exemplo de entrega à causa pública, um mandato que fosse uma referência a nível nacional, quiça europeu.

Afinal, ó deuses, a coisa deu para o torto! A autarquia está atolada de arguidos. Primeiro, foi a presidente, de seguida um vereador, agora um presidente da junta, também eleito nas listas do Bloco!!! A coisa até mete licenciamento de bares de alterne. Significativo, portanto! Arguidos, leram bem! Nada de culpados, por enquanto. Qualquer semelhança com o que se passa em outras autarquias é mera coincidência!

Perante isto, que tem dito e feito o paladino da moral, o inefável Dr. Louça? Vai estar presente num jantar de desagravo à autarca. Mas não vai sozinho! Pensa-se que alugou um táxi e leva como acompanhantes Miguel Portas, Luís Fazenda e Fernando Rosas. Os quatro mosqueteiros.

Que lhes caiam bem as migas alentejanas e que as reguem com o vinho da terra. Muito, de preferência, para alívio do espírito.