9.3.07

O banqueiro do sistema

Quem andar minimamente atento não pode deixar de reparar na influência que o Grupo Espírito Santo (BES) tem na política portuguesa e na economia em particular. Sendo uma instituição bancária "familiar", atravessou os tempos difíceis da revolução e continua a ter hoje um peso enorme na sociedade portuguesa, ia a dizer na política portuguesa. Ainda há uns dias vimos como se bateu acerrimamente contra a OPA da Sonae sobre a Portugal Telecom. Mais do que uma guerra de empresários ( Ricardo Salgado contra Belmiro de Azevedo), mais do que o mero interesse económico, estava em causa, na minha opinião, a detenção do Poder e a proximidade com o Estado. Dispondo de uma percentagem significativa de acções, interessava ao BES colar-se ao Estado. Um dia mais tarde, reclamaria os dividendos desse apoio.
Não se estranha, por isso, que as notícias dêem conta das negociações entre a TAP, empresa ainda maioritariamente pública, e a Portugália, companhia privada de aviação, onde o BES detém quase 100 % do capital. Esclareça-se que esta última, depois de,durante anos,ter competido com a TAP, roubando-lhe clientes, está numa situação económica gravíssima. Não apresentou ainda as contas de 2005 e acumula prejuízos de largos milhões de euros. Dito de outro modo, está à beira da falência. Agora interessa-lhe que a a TAP a compre. Amigavelmente...
Como os apoios não são inocentes, neste capitalismo selvagem e do salve-se quem puder, o BES apresentou a factura. No momento certo, como convém.
O atraso crónico de Portugal tem múltiplas causas, mas o provincianismo e, sobretudo, o viver encostado ao Poder da maioria dos empresários explicam muita coisa.

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