A farsa do computador Magalhães

Nos tempos finais do cavaquismo, a SIC pôs no ar um programa denominado A Noite da Má Língua. Pegando em casos emblemáticos, um grupo de comentadores, onde pontificava Miguel Esteves Cardoso, arrasava os últimos tempos dos governos de Cavaco Silva.

Devido a alguma disponibilidade de tempo, assisti hoje ao início de um novo programa, também na SIC, Nós por Cá. Pela amostra, lembrei-me da má língua do programa anteriormente citado. Um conjunto de reportagens punha a nu as incongruências desta governação socrática. Muita propaganda e pouca...uva. Uma das rubricas desmascarava cruamente o caso do célebre computador Magalhães prometido às crianças do 1º ciclo. Percorrendo o país de norte a sul, numa amostra de catorze escolas, apenas a uma do distrito de Portalegre tinham chegado seis computadores para um pedido de 32. Em mais nenhuma outra, havia qualquer registo de chegada de dito cujo. No final, uma estatística dava conta da despropositada propaganda feita à volta do milagroso portátil. Dos 230 mil pedidos, foram satisfeitos apenas 35 mil. Pegando numa notícia da semana passada, vim a saber que, devido à entrega de computadores estar a ser inferior ao prometido, os operadores de acesso à internet, que inicialmente acordaram em dispor gratuitamente os seus serviços, afinal vão cobrar pelos mesmos.

Em estúdio, no citado programa, estava o dr. Medina Carreira. Instado a comentar tal situação, foi corrosivo para com os actuais políticos e deu um exemplo ilustrativo dos tempos que correm.

Relembrou que, num governo chefiado por Mário Soares, e do qual tinha feito parte, por ocasião do Natal, ofereceram ao primeiro-ministro um quadro de um conhecido artista. Neste Natal, os membros do actual executivo presentearam o nº 6 Armani com um...fato.

Mais palavras para quê?