29.4.07

O antiamericanismo

O filósofo francês Bernard-Henri Levy dá hoje uma entrevista ao DN. Diz entre, outras coisas, aquilo que, há muito, penso sobre o sentimento antiamericano duma certa intelectualidade europeia. Tanto da chamada direita como esquerda. Evidentemente que vão ser desvalorizadas, ridicularizadas pelos bem-pensantes. Manter uma certa equidistância é difícil e algumas verdades custam muito a engolir. Aqui ficam alguns excertos:
  • "Eu falei com muitos americanos para mostrar a realidade americana. Não quero mostrar o sonho americano ou a fama, mas a América tal como ela é de verdade. Estou farto de tanto antiamericanismo, da devoção e da antidevoção, de a idealizar e de a satanizar. O livro conta a América para europeus poderem ver a verdadeira cara do país. Está aqui um espelho, reflictam!"
  • "Eu vejo a América sem preconceito, principalmente sem preconceitos hostis. A França sofre de um antiamericanismo muito violento, por estar persuadida de que é uma nação, um povo e uma raça, tal como Portugal e a Espanha se acham. Que somos filhos da mesma mãe, mas os americanos pensam o contrário, que são filhos do mesmo pai e da mesma lei. Essa diferença deixa os europeus enraivecidos e provoca antiamericanismo, mas é um olhar original."
  • "O islamismo inspira-se nos líderes nazis e fascistas, basta ler os textos dos Irmãos Muçulmanos, do Partido Baas ou os que inspiraram a revolução islâmica iraniana. Tanto nos escritos muçulmanos como nos fascistas há duas ideias de força semelhantes, que o Ocidente é a decadência, o ódio à liberdade e uma violência purificadora que não está no Alcorão. São temas que vêm das tradições totalitárias ocidentais."

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Que somos filhos da mesma mãe, mas os americanos pensam o contrário, que são filhos do mesmo pai "
Expliquem-me muito bem para ver se eu entendo...! Está bem?
Vitor, já que pensas como o Levy, agradeço uma explicação.

30/4/07  
Blogger Vítor Amado said...

Sitting bull: três ou quatro notas.
1º Os textos aqui referenciados nem sempre merecem o meu total acordo; na entrevista em questão,concordo, na generalidade, com o que é dito.
2ºA entrevista foi dada, tendo em conta o lançamento de um livro do autor,"Vertigem Americana". Portanto, um esclarecimento mais rigoroso do que se diz na entrevista exigirá a leitura do livro que ainda não comprei.
3º Poderei avançar uma explicação que me parece razoável. A 2 de Julho de 1776, no terceiro Congresso Continental, foi declarada a independência dos Estados Unidos, e no dia 4 desse mês Thomas Jefferson publica uma declaração onde justificava esta acção.
Começava a preparação para a elaboração de uma Constituição, facto que veio a acontecer em 1788, tendo sido aprovada, na altura, por nove dos estados membros da futura Confederação.Ao contrário do que muitos possam pensar, não foi a Revolução Francesa (1789), paradigma da era contemporânea, a "mãe" do regime democrático americano. Foram eles próprios que iniciaram esse movimento revolucionário.A 4 de Março de 1789 foi eleito o Primeiro Congresso dos Estados Unidos, de acordo com a nova Constituição. No dia 30 de Abril, George Washington foi eleito o primeiro Presidente dos Estados Unidos.Portanto, talvez seja essa a explicação para o uso da palavra "pai" na referida entrevista.
4º The last but not the least: o teu comentário tem um final irónico que me passa ao lado. Para mais quando as pessoas se escondem num qualquer pseudónimo. Mesmo na blogosfera, assino sempre os comentários que faço.Embora compreenda que outros não tenham a coragem do mesmo.

1/5/07  
Blogger Ana Paula Sena said...

Olá! Cheguei aqui pelo blog do pn, Brevitas. Muito me agradou encontrar o excerto de uma entrevista a um filósofo! Bom, na verdade, sou sua colega de profissão...
Quanto ao tema: acho bem que dentro da própria cultura e pensamento francês se chame a atenção para a fobia da América. Parece que temem(os) muito! Seria interessante uma auto-análise para sabermos o quê.
No entanto, não conheço este livro do Levy, apesar de conhecer outros textos dele. Teria que aprofundar alguns aspectos que ele refere na entrevista para me pronunciar melhor. Tive já em atenção, entretanto, o seu esclarecimento.
Parabéns pelos temas do blog.
Ana Paula

3/5/07  
Blogger Vítor Amado said...

ana paula: obrigado pela visita e pelas palavras de incentivo.
beijo

3/5/07  

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