Aquilino Ribeiro
Abri agora a edição on-line do DN. E a notícia de abertura provocou-me calafrios e revolta. Aquilino foi um terrorista! Nem li tudo. Basta o título para uns quantos imbecis denegrirem (tentarem) o nome do homem de letras e beirão dos quatro costados que foi Aquilino Ribeiro, o "meu" Aquilino das terras do demo. Segundo a notícia, uma petição corre pela net para impedir que os restos mortais do insigne escritor sejam trasladados para o Panteão Nacional. E um dos subscritores é professor de filosofia. O que me consola é que há outros colegas que pensam o contrário. Não é, caro Jerónimo? Dia 27 de Maio lá estaremos, na Lapa do Malhadinhas para lhe prestarmos a homenagem devida.
Etiquetas: Cultura, Literatura
6 Comments:
Não estou a ver Aquilino com uma mochila de explosivos às costas pronto a ceifar vidas reais. :-))
Ainda que o homem tenha sido radical no seu desejo de mudar o status quo de então, isso não retira nenhum valor à sua genialidade.
Embora visceralmente céptico em relação a homenagens póstumas, acho bem que esta honra lhe seja atribuida.
"Foge cão que te fazem conde! Para onde, se me fazem visconde!"
Num estado de direito democrático, todos têm o direito de exprimir a sua opinião, quer sejam associações de monárquicos indignados, salazaristas saudosistas, republicanos exaltados...
Outrotanto, em termos de liberdade de expressão, não existiu durante a monarquia.
Por isso, a petição do fórum real, se não me engano no nome, tem toda a lógica de surgir e de se exprimir livremente.
Ao que ouvi, parece que já são aproximadamente 400 as assinaturas dos viscondes, condes, marqueses e duques da nossa lusitana praça a avalizarem a ideia, com a coerência que lhes assiste.
Ademais, acredito e sou um defensor intransigente das aristocracias. Mas não das consignadas pelo nascimento, que não pelo merecimento.
Hoje, mais do que nunca, devemos orgulhar-nos de contar com aristocratas nos mais diversos domínios, tais como, o científico, o financeiro, o político, o artístico, o espiritual, o intelectual... Reduto a que raros ascendem e onde AQUILINO RIBEIRO tem todo o cabimento.
No regicídio, apesar de investigado durante mais de dois anos, para além das mortes e das participações directas do Manuel Buíça e Alfredo Costa, nunca foram provados os envolvimentos de AR, Alberto Costa, Virgílio de Sá, entre outros.
Por isso, a desoras, estamos no domínio espectral da conjuntura, baseada em muita suposição, nalguma convicção e em pouca ou nenhuma fundamentação.
Já agora porque não tirar do Panteão N. Guerra Junqueiro, Teófilo Braga, Sidónio Pais Óscar Carmona, uns por serem revolucionários e panfletários, outros por serem republicanos, outros por serem fascistas?
Finalmente, apodar AR de terrorista é de uma gratuitidade boçal. É desconhecer e/ou branquear a História de Portugal e a própria Igreja, prenhes de actos do mais bárbaro e gratuito terror, não em prol de ideologias e convicções, mas sim em prol de crendices, fanatismos, autocracias puras e para os mais tenebrosos e inconfessáveis fins.
A verdade histórica tem sempre plurais enfoques. Por isso mesmo, se ainda há quem, por vezes, se chore pela Revolução Francesa, outros, têm-na como referencial setecentista da História Mundial.
Abr
paulo neto.
Caro Sr.
Estive hoje e ontem na Lapa, em Carregal e Soutosa, a prestar a minha homenagem ao grande Aquilino Ribeiro. É um mestre e génio vivo da literatura portuguesa. Mas ainda ssim assinei a petição contra (e não sou aristocrata, veja lá, e até tenho 2 palmos de testa) porque, se conhece Aquilino tão bem sabe que ele próprio assumiu a participação no regicídio. E a principal confissão de culpa, foi ter fugido (sim, fugido, como um cobarde), para Paris em 1908. Portanto, uma coisa é o escritor talentoso, outra é o conspirador vil. Não deixa de ser um génio. Lugar no Panteão, não, mas também não vejo porque isso deslustre alguém, dadas as figuras que lá estão...
Cumprimentos
Outrotanto, em termos de liberdade de expressão, não existiu durante a monarquia."
Se o sr. PN tem tanto amor pela verdade histórica, então seria bom que não dissesse barbaridades desse nível. Durante a Monarquia Constitucional havia maior liberdade de expressão do que nos regimes seguintes. Não sabia, ou afinal a verdade histórica é mais relativa do que o que pretende dar a entender?
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