A lei ou o principio da impunidade, pois então! (do estatuto do aluno ao Futuro que nos aguarda...)

grassa por aí, a impunidade. ao ponto de não acreditarmos na justiça, na lei, em regras…

cedo nos habituamos a esperar que a justiça não se faça em casos gritantes, públicos, envolvendo figuras intocáveis - um dos filmes da minha vida, Os Intocáveis, e que não passa afinal de uma utopia, que as fitas são cada vez mais outras! - que a lei demore e tarde e se perca por prescrição, pelo tempo que conduz ao perdão e ao esquecimento pelos grandes nunca dos que foram vítimas... porque plebe.

é também essa lei que rege o ensino básico. facilitismo e consequente impunidade. “vêm mal habituados!”, dizemos. não por culpa dos profissionais, nossos colegas, naturalmente mas porque o sistema assim os obriga, que passem, que se esqueçam as faltas, que se mantenham na escola, "enquanto aqui estão,..." era a máxima no meu tempo de básico. e compreendíamos, eram alunos de risco.

no secundário, com o exame como pano de fundo, a responsabilidade, o crescimento, começa no 2º período. “meninos acabou-se, o exame é a sério, se querem seguir o ensino superior, é favor crescerem a partir de agora...!”

ao que parece isto vai acabar e os alunos nunca sairão do básico. espera-os o perdão nas faltas, no comportamento, na vida,… o exame terá um fim também e os responsáveis pelo caos, na perspectiva do ensino superior - local onde passarão a crescer... se conseguirem! - serão as escolas que terão de resolver todas essas questões. passarão (ainda mais!)a ser pais, mães, professores, ministério, culpados ante os olhos dos professores do superior quando receberem as crianças nos braços.

e um dia, quando conseguirem a formação superior, um trabalho, dirão ao chefe, ao patrão, ao superior, “desculpe vir a esta hora mas deixei-me dormir.” (...) “o quê, vai despedir-me só porque cheguei atrasado 5 vezes esta semana? e que mal há nisso?”

nenhum, efectivamente, pois se nunca lhe disseram o que distingue um adolescente de um ser adulto responsável, se nunca o deixaram crescer…


publicado in http://sol.sapo.pt/blogs/AlmaMater/default.aspx