4.5.08

As eleições no PSD

Depois da ida de Durão Barroso para Bruxelas, o PSD acentuou a crise que se adivinhava já no consulado do actual presidente da comissão europeia. A ausência de uma estratégia e de uma alternativa ao poder socrático talvez tenha atingido o seu auge com Filipe Menezes. Daí a sua demissão. Neste momento são vários os candidatos à liderança do partido.
Lendo e ouvindo comentadores, a maioria considera Manuela Ferreira Leite a única capaz de unir o partido e desafiar Sócrates. Não partilho dessa opinião, em termos globais. Talvez seja a figura que atenue divergências e consiga uma unidade mais consentida que assumida. Mas não vejo que seja alternativa de poder. No essencial, manterá como linha estratégica o controle do défice público, reduzirá o papel do Estado a serviços mínimos, continuará a ver nos funcionários públicos a classe onde será mais fácil poupar uns milhões de euros em nome de uma propalada "racionalização de custos".
Santana Lopes representa o lado trágico-cómico da política. Vai continuar a falar no "PPD/PSD", na herança de Sá Carneiro, na ideia de vitimização; interessa-lhe a política enquanto espectáculo mediático, saberá rodear-se de gente medíocre e continuará a aparecer nas revistas cor de rosa. Fará um novo hino que substituirá o "menino guerreiro". Em termos de imagem, ombreará com Sócrates, mas perderá para este em consistência no discurso.
Resta Pedro Passos Coelho, visto como outsider. Mas, na minha opinião, o rosto que poderá fazer algumas rupturas. Desligado há anos dos meandros da luta partidária, aparece ainda a defender um conjunto vago de ideias. Se por um lado, afirma aceitar as uniões homossexuais, questionado sobre o novo regime de gestão das escolas, foge à questão; afirma-se defensor da abolição dos concursos, de âmbito nacional, para colocação de professores, não antevendo o que acontecerá se estes passarem a ser da responsabilidade das escolas ( compadrios, amiguismo...).
Não acredito que, a um ano das eleições, se possa constituir alternativa a Sócrates. Este vai certamente ganhar as próximas legislativas, embora sem maioria absoluta. Também por isso, me parece que a escolha de Passos Coelho seja a que mais acertada para o PSD.

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