Ainda Saddam! (2)

O historiador Rui Ramos, na sua crónica no jornal Público de hoje, não deixa de chamar a atenção para alguns factos relacionados ainda com a morte de Saddam.

• "Quanto à pena de morte, também não a aceito, em nenhum caso.Teria preferido Saddam na Haia, como Milosevic, embrulhado num processo interminável. Mas isso é uma questão de sensibilidade cultural. É curioso ver os mesmos que declararam a democracia do tipo ocidental imprópria para o Médio Oriente a exigirem agora a abolição da pena capital no Iraque."
• (...) Se Saddam, em vez de ser enforcado, tivesse anunciado o seu novo programa nuclear, em resposta ao dos seus rivais iranianos, que se diria agora de Bush? (...) Deveria ter sido Bush "realista"em 2003? Apostar no Irão contra Saddam ou vice-versa?Saddam beneficiou, na década de 1980, desse género de patrocínio "realista". Foram ainda consideraçõs "realistas" que, em 1991, o deixaram no poder. O realismo ocidental, ao criar uma impressão de condescendência e fraqueza, alimentou simplesmente a audácia de Saddam.
• (...) Nenhuma solução, em 2003, era obviamente melhor. Tal como hoje. De facto, uma das poucas coisas óbvias no mundo é que quase nada é "óbvio". É por isso que é preciso escolher, e é por isso que todas as escolhas são controversas, em maior ou menor grau. Nunca houve uma época em que o contrário fosse o caso. Nem haverá."