17.1.07

Re(Leituras)



"Minha irmã levava muitas bofetadas da mestra, a D. Margarida, proprietária da mão mais pesada que entrou em Agarez, para que a sua caligrafia fosse ter comigo, legível, ao Porto ou a Lamego. E eu deixara o Porto e Lamego, internara-me pelo mundo, e, depois das matas do Brasil, era a Milão que as notícias ditadas por meu Pai se aventuravam.

"Meu querido filho:

Cá recebemos a tua carta que ficamos bem contentes por tu chegares são e salvo que estávamos em cuidos que te acontecesse alguma coisa a Mãe a cada passo se encontrava a chorar e dizia aquele homem meter-se pelo mundo a cabo cheio de guerras por lá o matam não o torno a ver agora já está satisfeito. Saberás que nos morreu o porco de ceva aquele que tu viste em pequenino que foi uma grande paixão que tivemos. Eu bem o queria largar por quinhentos em Donelo mas elas começaram a dizer que era barato e como estava muito gordo que causava admiração morreu com os acidentes. Comeu-o o Zé Serralheiro que mo pediu para gordura para a forja afinal mamou-o todo que anda todo lazarado. A Mãe diz que tenhas muita cautela e não te metas em nada.(...) Saudades da Maria e a benção da Mãe e de mim teu pai."

Miguel Torga, in A Criação do Mundo, 4ºdia, 2ª edição, lisboa, 1999

Edições D. Quixote,

2 Comments:

Blogger pn said...

VA
o nosso opúsculo entrou hoje na gráfica.
não é a criação do mundo...
a ver se está cá fora 2ª feira.
abr
p

17/1/07  
Blogger Vítor Amado said...

ok.
Parabéns pelo trabalho.Mesmo que a intelectualóide não goste...
abraço

17/1/07  

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