11.1.07

Re(Leituras)



"Era no próprio bloco de receitas, oferta da casa Beta, e ao fim de uma procissão de mazelados, que registava freneticamente frases e fragmentos de poemas que me ocorriam.
Merda. Pus. Podridão.
Por que razão
Hei-de ser eu
O malfadado Orfeu
Deste quotidiano?
Versos de barro humano
Como adobes de carne e sofrimento.
Nenhum mistério, nenhum sentido...
Entre a dor e o lamento,
Só o abismo da morte pressentido."
Miguel Torga, in A Criação do Mundo, 3º dia
D. Quixote, 2ª edição, 1999

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

“Necessitava, portanto, de ser leal para quem me lia, de corresponder à sua confiança. Não deixar a verdade sepultada no tinteiro, nem a sinceridade disfarçada na penumbra das palavras.”
….
“...eu seguiria o meu (caminho), de rebeldia e lucidez.”

O “meu” Miguel Torga assim, numa escrita real, leal e definida.

12/1/07  
Blogger pn said...

...ser poeta da merda do pus da podridão...
o Torga que eu conheci, de cuja mulher Andrée, fui aluno e me publicou primeiramente nos Cadernos de Literatura, de cuja filha Clara fui colega.
o homem sisudo, feio, carrancudo que só na palavra escrita ria, sofria e a sangrar brilhava.
abr
va
(isto dos caracteres esverdongados é uma chatice, ó V!)

12/1/07  

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