Prémio Champalimaud
Portugal é um país de invejosos! Habituados durante 50 anos ao estigma da pobreza, sempre lidámos mal com os ricos. Ainda hoje olhamos de lado para a casa que o vizinho comprou, para o carro com que passeia aos fins de semana. Parece genético. Vem isto a propósito da Fundação Champalimaud. O seu patrono foi uma figura controversa. Detestado pela esquerda, olhado com algum desdém pela direita, foi, talvez, o homem mais rico do país. Decidiu, por testamento, doar parte da fortuna para a criação de uma fundação que se dedicasse à investigação científica, sobretudo no campo da biomedecina. Esta Fundação instituiu um prémio anual, no valor de um milhão de euros, para organizações que se destacassem nesse campo de pesquisa. Soube-se agora que o galardoado foi o Aravind Eye Care System, centro hospitalar situado na Índia rural. Apenas alguns números que servem para ilustrar o trabalho deste complexo hospitalar no campo da oftalmologia, área a que se dedica.
- Cinco hospitais integram este centro;
- Centro de produção de produtos oftalmológicos;
- Entre Março de 2206 e Abril de 2007, foram atendidas 2 milhões e 300 mil pessoas e feitas 270 mil cirurgias;
O jornal Público( sem ligação) trazia hoje uma interessante reportagem sobre o assunto.
Nós, portugueses, temos, entre nós, um bom exemplo de filantropia. Também Calouste Gulbenkian nos legou uma fundação que, durante décadas, nos tirou do quase marasmo cultural em que vivíamos, e ainda hoje é indispensável no campo das artes, das letras e das ciências.
2 Comments:
Ó VA, e a que propósito vem a inveja, se a quisermos integrar na notícia e relacionar com a Fundação?
toino: na minha perspectiva, tem; como disse, temos dificuldade em encarar a riqueza e olhamos com uma certa sobranceria para quem a consegue.Atitude como teve Champalimaud é vista, a maioria das vezes, com um certo desprezo.No fundo, pensa-se o que são 500 milhões de euros doados a uma fundação...São peanuts...Embora considere que, hoje, se vive num capitalismo selvagem, a capacidade de criar riqueza e investir deve ser um paradigma de uma sociedade mais justa. O tempo da "economia planificada" e dos "planos quinquenais" já foi chão que (não) deu uvas.
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