21.2.08

Direitos, ética, justiça, o que queiram...

foi ontem à hora do almoço.

quando cheguei à mesa, a conversa entre as duas colegas tinha tido já o seu início. uma delas contava a reportagem que tinha visto na véspera sobre vários modelos de prisões por esse mundo fora.

foi então que a segunda falou da sua experiência como professora numa das prisões com que os concursos costumam contemplar quem concorre para determinada escola.

na sua opinião, os presos dividiam-se em três categorias: aqueles que, lá no fundo, eram boas pessoas mas cujo destino tinha sido determinado pelas circunstâncias da vida; os verdadeiramente perigosos, assim classificados até pela natureza do crime cometido e os inteligentemente perigosos que conseguiam "conciliar" estas duas características no seu comportamento dentro dos muros da prisão. ardilosos, bem falantes, convincentes, criavam nos professores, nas pessoas a quem se dirigiam, certezas e crenças.

e foi sobre um destes últimos que a conversa assentou. a colega classificou-o como tendo sido o melhor aluno que alguma vez teve, detentor de capacidades impressionantes. o seu objectivo era seguir Física Nuclear. do desejar ao concretizar e com tal inteligência, foi um salto... médias altíssimas e curso concluído por esta hora, com toda a certeza.

várias questões se nos colocaram: qual a utilidade que poderá ter dado ao seu curso? os seus antecedentes, não deveriam ser tidos em conta? e até que ponto é justo que um recluso tenha os seus estudos, superiores inclusive, pagos por todos nós, suas potenciais vítimas e, muitas vezes, economicamente incapacitados para pagar os estudos dos próprios filhos...

dá que pensar, pelo menos a mim deu... as duas colegas foram peremptórias, na sua opinião não devia ser permitida, facultada, esta possibilidade...

então e os direitos universais? e as oportunidades?
e direitos de quem e em que domínios? nossos? deles?

deverá a justiça ser meramente repressiva e não correctiva?
haverá forma de sermos equilibrados em questões como esta?

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4 Comments:

Blogger Nina Souza said...

Retribuindo a visita... muito bom o blog, parabéns aos "despertos". Vou add nos meus favoritos, pra voltar sempre.
abs!

21/2/08  
Blogger Francis said...

muito pertinente a questão...e nada fácil a resposta.
mas, a frio, seria contra.

21/2/08  
Blogger Sónia Miranda said...

Por mais que seja a favor da reinserção, e do facto que é importante que eles tenham alguma formação de modo a que a vida cá fora lhes possa ser mais facilita, e mesmo para que a via criminal fique no passado, devo-vos confessar que me custa levantar de manhã para ir trabalhar para poder pagar propinas e afins... Já basta andar a sustentá-los, agora também tenho de pagar a educação superior deles? E a minha quem é que paga?
;)

21/2/08  
Anonymous Anónimo said...

Quando penso que o meu filho não tem direito a subsídio escolar, porque fazendo eu parte dos quadros da empresa, não posso apresentar todas as despesas. Apetece-me fuzilar os dirigentes deste PAÌS, que reduz a pena a um pedófilo, por (arrependimento, bom comportamento e interesse social, (nestes incluo os cursos que eu também pago para esses criminosos). O que me preocupa é: E Se daqui a uns anos eu não puder pagar as propinas do meu filho?
Roubo, ou mandar roubar para poder tirar um curso a que tem direito?
FICA A QUESTÃO.

21/2/08  

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