O debate no Prós e Contras
Um debate em televisão é quase sempre redutor. Foi o que aconteceu na passada 2ª feira na RTP 1. Em termos globais, o balanço é negativo, houve pouco esclarecimento. Escolher dois temas, o da avaliação de professores e o novo regime de gestão nas escolas, foi uma má opção. Um deles chegaria. Dar a palavra a diversas pessoas, na tentativa de expor vários pontos de vista, resulta mal. Cada interveniente procura ser sintético, sem ter tempo para justificar as suas opiniões. Muitas dúvidas levantadas ficam sem resposta, raramente existe a possibilidade de contraditar o que o outro disse.
Fazendo um balanço, julgo que a ministra da educação se manteve igual a si própria. Com um discurso formatado, revelando aqui e ali alguma arrogância, tentou passar a imagem de alguém que se julga possuidora da verdade, evitando responder às questões mais polémicas.
Do outro lado, digamos assim, a intervenção mais conseguida foi a Mário Nogueira, da Fenprof, pela pertinência das questões levantadas, pela clareza com que o fez.Talvez por isso só tenha tido oportunidade de falar uma única vez, ao contrário do denominado "professor do ano", Arsélio Martins, que, com um discurso redondo, tentando agradar a tudo e a todos, se ficou por um conjunto de lugares comuns e de generalizações que não esclareceram, antes desviaram a discussão do seu cerne.
Em relação ao novo sistema de avaliação dos professores, não foi confrontada a ministra com problemas concretos que o mesmo contém. Por exemplo, nada se disse sobre o conceito de "abandono escolar"; nada se adiantou sobre o "peso" que vai ter o denominado índice de sucesso/insucesso dos alunos. Numa turma com alunos problemáticos, este conceito de "sucesso" é muito relativo e não pode/deve ser medido pelo número de classificações negativas/positivas que o docente atribui. Ninguém questionou a ministra com o problema das faltas e as consequências que as mesmas têm na atribuição das menções de "Excelente" e "Muito Bom". Os professores também são seres humanos,têm pais que podem falecer, podem ficar doentes,têm filhos a quem devem prestar assistência. Ora, é de uma desumanidade inqualificável que, por esses motivos, os professores possam ser impedidos de progredir na carreira por terem de faltar.
Faltou quem esclarecesse a jornalista/moderadora que uma Escola não é uma empresa ( por duas vezes ela fez essa comparação). Formar alunos não é a mesma coisa que produzir sapatos.
Em suma, quem não está familiarizado com os problemas da educação chegou ao fim do debate com as mesmas dúvidas, ficou sem perceber claramente por que razão há um mal estar crescente no seio da classe docente, por que motivos há uma oposição tão declarada a este modelo de avaliação.
Etiquetas: avaliação de professores, educação, governo, gramática
2 Comments:
Sem palavras, cada um interpreta à sua moda, o pior é que falta o tempo para as devidas fundamentações, a Ministra é bom que pense no que diz e deixe de jogar com a vida das pessoas, pelo que vejo, está a piorar as situações todas em vez de as melhorar; o que está a tentar fazer é tudo menos melhoria. Bravo o papel do professor Arsélio Martins. Afinal, o professor não é um ser humano? Tem família também e não só escola, esqueceu isto? Sim? Assiste-se a uma desumanidade horripilante,inegualável e inqualificável. É necessário fazer alguma coisa, confesso. Não se pode ficar assim sem nada fazer.
Manifestação e dizer não, mas as coisas não podem ser apenas por palavras, passar aos actos, é o que conta.
Blog interessante.
Frnteiras
Não vi o debate, por razões várias, mas "passei por lá" e o bocadinho q vi n me agradou... N sei qm era, só sei q continuo a achar q o "ataque" às políticas deste ministério tem q ser concertado c encarregados de educação e c o cidadão comum.
Os professores têm q aproveitar este clima p voltar a ter o apoio da sociedade civil.
E o q o ME e este Governo conseguem fazer magistralmente é "dividir p reinar", explorando as fraquezas q a classe tem. Exemplo perfeito do q acabei de dizer é o discurso q o PM fez ontem, elogiando os professores, mas, muito sibilinamente, a puxar a opinião pública p a necessidade da avaliação pq senão os profs estariam a ser injustificadamente beneficiados c promoções automáticas.
Do meu ponto de vista, é esta argumentação q têm q atacar. É esta qs "lavagem cerebral" c msg subliminares: "são todos mt bons, mas têm q ser avaliados e iguais a todos os outros, senão são mt beneficiados e s qqr razão".
Enfim, novamente, é só uma opinião
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