4.4.08

Devia haver uma lei que proibisse o desperdício de comida...







É extraordinária a forma como se desperdiça comida neste País.

Fico arrepiada quando, ao passar entre as mesas do Colombo, verifico os pratos que ficam cheios de comida, fruto do excesso, das possibilidades económicas (?), do egoísmo humano e pouco solidário, do individualismo, da displicência que ignora o dia de amanhã... o futuro?

Nos pratos que identificam casas como o Chimarrão então, penso como é possível que se peça tanta comida, tanta porque fica toda, porque se vê que o espaço em aberto no fundo do prato terá sido ocasionado por um petiscar, casual, de ponta de garfo brincando com o conteúdo... ou por uma conversa demasiado empolgante.

Normalmente olho à volta, à procura de quem esteja por perto para voltar a sentar-se! Ingenuidade da artista aqui...

Por isso considero que há pessoas que só deviam comer no Mc's, fastfood... as doses são calculadas, ao centímetro calórico (~~), sem prato onde deixar seja o que for :).

Ontem, numa área de serviço do por aí interior, quatro romenas, ciganas provavelmente, daquelas que enviam os filhos ao nosso encontro para comprarmos pensos - os mesmo que nos taparão as feridas da carne que as outras reabrem-se quando olhamos para as criancinhas - sentaram-se a uma mesa, de tabuleiro em punho, bem recheados de Coca-Cola, queques de noz, enormes, sandes de panado em pão caseiro, enormes (e deliciosas, que também comi uma!)...

Depois de muitas risadas e uma conversa animada, saíram.

Quando me levantei para sair também, vi dois bolos por tocar, os pedaços de uma das sandes, espalhados, um inteiro, por desembrulhar, duas caixas de tabaco amachucadas, copos vazios de coca e pedaços de bolo a forrar o fundo de outro tabuleiro.

Depois de ter vencido uma birra do garoto que insistia comigo que comer pão de forma com queijo e fiambre era uma tarefa quase impossível, argumentando eu que sim, que ele tinha fome, que sim, a preguiça tinha de ser vencida e que sim, indubitavelmente, existiam muitos meninos da sua idade, a morrer de fome e que nunca tinham visto uma sandes como aquela... calei-me quando perguntou "estás a ver mãe, como é difícil comer pão?"

Pois... não é difícil educar uma criança... é-o sim neste contexto, no contexto que marca a diferença, a minoria que alguns de nós representam... porque vem o mundo e mostra que não tem de ser assim.

Do nosso lado, fica o sonho, o ideal, a utopia em que alguns de nós ainda acreditam. E em que gostaríamos que os nossos filhos também acreditassem.

publicado em julho/07 em sequeremsaberaminhaopinião mas que me lembrou porque nunca nada muda ou, quando tal acontece, é sempre para pior... :-((

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3 Comments:

Blogger Angelo said...

E, de facto, de lamentar!

Por estes lados, e muito raro isso acontecer! E e sempre bonito de ver, claro esta!

5/4/08  
Blogger vida said...

Olá Alma, já sentia a falta das tuas escritas. Olhar todas estas coisas que acontecem à nossa volta,
nos dá um anseio de como num passe de mágica equilibrar tudo. Mas mesmo que o fizéssemos, logo tudo estaria desorganizado novamente, pois o que é necessário´...é organizar a cabeça das pessoas.
As pessoas não percebem que se elas não mudarem os seus conceitos, o mundo não terá chances de sobreviver.
Mas não podemos perder as esperanças, temos que bater nesta tecla, pra ver se as pessoas despertam deste marasmo.
Um grande beijo para ti, gostei do teu artigo.

5/4/08  
Anonymous Anónimo said...

Oh ALMA esta eu nem consigui ver na totalidade,tal a violência.Pergunto:Existe , por mais associações, voluntários,tudo. COMO FAZER PARA ACABAR COM ESTA DOR? ESTE MUNDO NÃO É UM MUNDO FALSO.CADA VEZ MAIS TENTO COMPREENDER O SUICIDIO.

6/4/08  

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