14.2.09

A propósito da efeméride...


Ternura


Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...


Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...


Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...


Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!


David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que lindo, sr. VA.
Desejo que este seja o seu estado de espirito sempre.
Fica-lhe bem, a sério.................
ml

22/2/09  

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