28.11.11

Crise do Capitalismo: Reflexão Cristã

A crise do €uro, a crise financeira e orçamental do País, a crise de 2008 nos USA, a potencial crise de 2013 na China (que parecia inexpugnável a estas crises) devem obrigar todo o Católico ou Cristão a reflectir sobre o modelo de desenvolvimento.


Para isso, recorremos a uma excelente entrevista da agência "ZENIT", O Mundo Visto de Roma com olhos católicos, com o Prof. Martin Schläg, professor de direito constitucional na Universidade de Innsbruck, que agora passa a dar aulas de teologia moral na Universidade de Santa Cruz, em Roma, da qual transcrevemos o que se segue:


"A economia e a ética não podem se separar. Precisamente porque no centro está sempre a pessoa que age".
"Um aspecto da justiça é fazer as pessoas crescerem, capacitá-las, desenvolver talentos. O que é também fortalecimento da empresa. São virtudes cristãs, mas antes disso são virtudes naturais, inerentes ao homem. Os primeiros filósofos gregos já falavam delas, antes dos padres da Igreja".
Quando perguntado sobre a separação entre cristianismo e economia, Schlag contestou: "Ela não é verdadeira. O paleocapitalismo é medieval, quando a sociedade era inteiramente cristã. Ele nasceu em Flandres e no norte da Itália, com o desenvolvimento das cidades, com as indústrias de lã, de seda".
E os bancos? "Eles existem desde a antiguidade. Os franciscanos inventaram os bancos sociais, sem praticar a usura, que era e é condenada pela igreja. O primeiro banco ético foi fundado em 1462, em Perugia. Em pouco tempo, as casas de penhores chegaram a 150 cidades italianas, graças aos franciscanos, que promoveram o microcrédito para pequenas e médias empresas com juros entre 4 e 5%".
Com relação à crise, o professor da Santa Cruz explicou que "a crise é do sistema, é sistêmica. Haverá uma mudança no método da economia. Houve abuso. Precisamos de prudência, fortaleza, magnanimidade e justiça, virtudes dos grandes".
Novas regras serão suficientes para superar a crise? Schlag acha que "precisamos de boas leis. Na Itália, a riqueza está na criatividade, nas habilidades de empreendedores, nas ideias. Mas é sufocada pela burocracia e por milhares de leis. Nos Estados Unidos, uma empresa precisa de 26 dias para ser aberta. Na Itália, precisa de 260 ".
Então, também é preciso um bom governo? "É claro. Mas não com políticas assistencialistas. Um exemplo: para a África, foi doado seis vezes o Plano Marshall. Mas não fizeram investimentos, não foram financiadas empresas. Por isso eles ainda precisam do Ocidente. O assistencialismo é contraproducente.


Precisamos de um sistema político que favoreça o empreendedorismo".
Uma nova visão para uma nova economia? “Temos que aprender a pensar no longo prazo. A fortaleza é necessária para isso”.
O que vai acontecer com a nossa economia? "João Paulo II viu o colapso do comunismo. Seu sucessor vai ver o colapso do capitalismo ".
A sociedade ocidental faliu? "O Papa fez uma diferenciação entre o capitalismo bom e o mau. O mau é o das finanças loucas, desconectadas da economia real. Eu acho que é o fim desse tipo de economia anti-ética".


Schlag viaja agora a Viena para fazer um levantamento entre gestores europeus e pesquisar como eles vivem o cristianismo dentro das suas empresas.

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