País "sui generis"
Portugal é (parece) um país constantemente adiado. Veja-se o que se está a passar com o pós-referendo de 11 de Fevereiro. Enquanto o Procurador-Geral da República, interpretando o significado do resultado, foi consequente e mandou suspender todos os processos judiciais respeitantes à interrupção voluntária da gravidez, a classe política, nomeadamente o PS, dá mostras de desorientação. Ficou com a criança no colo, salvo seja, e anda num emaranhado de contradições. Durante a campanha, ouviu-se uma ou outra voz isolada do lado do SIM a favor da instituição de uma comissão de aconselhamento às mulheres que pretendessem consumar o acto. Na noite da vitória, o Eng. Sócrates, talvez enebriado pela vitória, veio afirmar a necessidade de legislar no sentido de haver um prazo de aconselhamento. Logo no dia seguinte, o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, desmente o "chefe" e disse que não era preciso aconselhamento algum. Liberalização, pura e simples. A gente ouve e não estranha, infelizmente. Já estamos habituados a este constante adiar. Entretanto, a Presidência da República já lançou o primeiro aviso.
Vamos esperar pelo que se vai passar na Assembleia da República e aos golpes de rins a que ainda vamos assistir.
6 Comments:
Aconselhamento a pedido da interessada, tudo bem. Persuasão tendo em vista contrariar a vontade da grávida em abortar, discordo totalmente...
Vitor Amado,
Ouvi o Sócrates no Domingo mas confesso não me lembrar das palavras dele. Fiz uma busca em dois jornais de 2ª feira, Público e JN, que resumem e reproduzem algumas das suas afirmações, e em nenhum local encontrei que ele falasse em período de aconselhamento . É feita a alusão sempre que Sócrates se referiu a um período de reflexão, o que é significativamente diferente.
Será que ele falou mesmo de aconselhamento?
Eu não encontro.
amenophis: vamos lá deixar-nos de preciosismos semânticos. Essa reflexão implica o tal aconselhamento.
Vitor Amado.
Não é um problema semântico. Enquanto a reflexão passa por um atitude individual, que pode usar informação fornecida, o aconselhamento aponta para uma pressão feita por outros, num paternalismo que nega a autonomia.
Não entendo as tuas admirações.
Neste PêÉsse as contradições são o prato do dia.
Hoje, sim; amanhã, não; depois de amanhã, nim.
Para esta gente o diálogo, a solidariedade, o companheirismo, o amigo, etc... etc... é muito importante.
Para o aborto tudo isso não passa de uma atitude maternalista.
As habituais contradições.
Esta gente não perdeu valores, porque nunca os teve.
Para eles abortar ou cagar são coisas muito semelhantes.
Pobres criaturas.
Amenophis: continuamos na mesma. chama-lhe período de reflexão(se houver informação prestada, é um aconselhamemto...); não no sentido de dizer à senhora:- não aborte, olhe que isso é um erro...ou coisas do género.
O essencial do post é a contradição entre o que Maria de Belém, por exemplo disse, Sócrates corroborou e Alberto Martins desdisse.
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