12.4.08

O Ministério da Educação e os sindicatos (I)

A notícia que o ministério da educação e os sindicatos tinham conseguido chegar a acordo deixou-me surpreendido e revoltado. E são várias as razões para essa revolta, não tanto para a surpresa. Do que se sabe do acordo, este resulta numa derrota para os professores, talvez não para os sindicatos. O mais gravoso do sistema de avaliação ficou inalterável:
  • Continua o sistema de cotas;
  • Mantêm-se os parâmetros de avaliação que o ministério impôs desde início. Abriu-se uma excepção para os professores contratados e os que mudariam de escalão este ano lectivo.

Ora, é preciso dizer que todo a filosofia que subjaz a este sistema de avaliação é uma aberração. Burocrático, gerador de gritantes injustiças, com uma carga subjectiva enorme, propiciador de favorecimentos aos amigos e chegados, ineficaz em termos formativos. Já não bastava a batota que foi o concurso para professor titular, querem agora agravar ainda mais a situação profissional de uma classe qualificada, na sua grande maioria.

Não foi para chegar a este "acordo" que lutei durantes estes últimos tempos. Que escrevi textos onde denunciava a falta de princípios em que assentava este sistema de avalição. Que integrei, com consciência profissional e responsabilidade, a manifestação em Lisboa. Sinto-me enganado por acordos feitos nas costas da maioria dos professores, por mais que os sindicatos representem a classe. Não aceito, neste caso, que, neste processo negocial, se tenham de fazer cedências. Há princípios de que não devemos abdicar. É o que se passa com este aborto que, pomposamente, designam de sistema de avaliação.

E não quero, sequer, acreditar que, conforme consta, a cedência dos sindicatos esteja relacionada com a possibilidade de os professores sindicalistas acederem, em condições excepcionais, a professores titulares. Se assim for, mais fundada é a minha revolta.

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Subscrevo a tua indignação!
Não vejo (ainda) nada neste "entendimento" que augure melhores dias para os docentes.
Persegue-me o sorriso da hirta ministra e não me sossega a descontracção de M Nogueira...
Depois, até parece que fizemos uma manif daquela dimensão por causa da burocracia da avaliação.
Não podemos perder o Norte.
Esta avaliação foi a gota que fez transbordar a taça que tem vindo a ser cheia de veneno ao longo destes 3 anos de governação socretina. Se este entendimento é uma vitória, é-o apenas para o ME que conseguiu anestesiar os sindicatos...

12/4/08  
Anonymous Anónimo said...

Preocupante mesmo.
Uma manif de mais de cem mil professores merecia bem mais.
Este acordo tem raias de traição.
Foi ligeiro de mais.
O fundo da questão continua. Acertaram minudências.
Desconfiávamos do Ministério e agora também desconfiamos dos Sindicatos.

14/4/08  

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