ASAE e as Quotas
Estaline, Krutchschev (que não era pera doce), Molotov (cuja mulher acabou por ser vítima do terror e enviada para a Sibéria - embora nunca tenha acreditado que a ordem viesse do próprio Josif Vissarionovich) e Beria, por exemplo, foram alguns dos defensores da política de quotas de fuzilamentos e trabalhos forçados na URSS.
O livro de Simon Montefiore sobre "a corte do Kremlin" dá conta de alguns aspectos dessa política de quotas de contra-revolucionários, quando o "governador" de Moscovo, o próprio Krutschev, precisa de alargar a quota de 50 000 fuzilamentos e envia uma carta a Estaline a pedir a sua compreensão; do género, "camarada, preciso de matar mais uns tantos, seja generoso e autorize". Mais tarde, nas mesmas funções mas em Kiev, o futuro secretário-geral do PCUS tem dificuldade em cumprir a sua percentagem de fuzilamentos e pede ao Kremlin que lhe envie um profissional, de cutelo e avental, porque nas duas semanas antes de Agosto precisa de liquidar um certo número de contra-revolucionários a fim de cumprir a sua quota.
E assim vamos.
Na China, idem. Mao, logo a seguir à Guerra da Coreia, para onde já tinha enviado para a linha da frente os "voluntários" que outrora tinham pertencido às tropas nacionalistas de Chiang Kai-Chek, determina que 5% da população é constituída por contra-revolucionários que era preciso eliminar.
O livro de Simon Montefiore sobre "a corte do Kremlin" dá conta de alguns aspectos dessa política de quotas de contra-revolucionários, quando o "governador" de Moscovo, o próprio Krutschev, precisa de alargar a quota de 50 000 fuzilamentos e envia uma carta a Estaline a pedir a sua compreensão; do género, "camarada, preciso de matar mais uns tantos, seja generoso e autorize". Mais tarde, nas mesmas funções mas em Kiev, o futuro secretário-geral do PCUS tem dificuldade em cumprir a sua percentagem de fuzilamentos e pede ao Kremlin que lhe envie um profissional, de cutelo e avental, porque nas duas semanas antes de Agosto precisa de liquidar um certo número de contra-revolucionários a fim de cumprir a sua quota.
E assim vamos.
Na China, idem. Mao, logo a seguir à Guerra da Coreia, para onde já tinha enviado para a linha da frente os "voluntários" que outrora tinham pertencido às tropas nacionalistas de Chiang Kai-Chek, determina que 5% da população é constituída por contra-revolucionários que era preciso eliminar.
Durante a Revolução Cultural aumentou a quota, sobretudo em certas classes profissionais, como os professores e os antigos "proprietários agrícolas" (que já tinha eliminado por decreto); era necessário matar um certo número de pessoas e, na falta de guerra contra Taiwan ou de uma nova frente na Coreia, faz-se a purga doméstica, uns tantos milhões. Morrerem à fome ou morrerem como contra-revolucionários, o importante era que as quotas fossem respeitadas.
No caso português, o director da ASAE diz que o seu documento e as folhas de excel em anexo era apenas "material interno" e teria sido enviado por engano. Azar. Ele existe e, mesmo "ilegítimo" (como esclarece ao Expresso), fez de "ordem interna", distribuído por mail a partir de Lisboa ou em papel pela Direcção do Norte: há umas tantas metas, uns tantos objectivos - e uns tantos números de apreensões, de prisões, de "detenções" e de encerramentos. Beria e Estaline também não publicavam os números das quotas de fuzilamentos no Pravda. A direcção nacional da ASAE diz que não é bem assim: são apenas indicadores, porque os inspectores da ASAE é que são inspeccionados. Exactamente: Beria também ia da Ucrânia ao Casaquistão para ver como os líderes regionais iam cumprindo a sua "quota de abate".
Claro que há aqui um problema - o da equivalência moral. António Nunes não tem a presciência de Estaline nem a esperteza de Beria. Nem a maldade de Mao. É apenas um mandarete que se contenta em aumentar o seu poder. Mas o método está lá, e isso é intimadatório.
Já agora, porque é que o actual director da ASAE foi demitido (da direcção de Viação, ou Rodoviária) por António Costa quando este era ministro da Admnistração Interna? É uma coisa que me faz espécie.
Francisco José Viegas (do blogue A Origem das Espécies)
No caso português, o director da ASAE diz que o seu documento e as folhas de excel em anexo era apenas "material interno" e teria sido enviado por engano. Azar. Ele existe e, mesmo "ilegítimo" (como esclarece ao Expresso), fez de "ordem interna", distribuído por mail a partir de Lisboa ou em papel pela Direcção do Norte: há umas tantas metas, uns tantos objectivos - e uns tantos números de apreensões, de prisões, de "detenções" e de encerramentos. Beria e Estaline também não publicavam os números das quotas de fuzilamentos no Pravda. A direcção nacional da ASAE diz que não é bem assim: são apenas indicadores, porque os inspectores da ASAE é que são inspeccionados. Exactamente: Beria também ia da Ucrânia ao Casaquistão para ver como os líderes regionais iam cumprindo a sua "quota de abate".
Claro que há aqui um problema - o da equivalência moral. António Nunes não tem a presciência de Estaline nem a esperteza de Beria. Nem a maldade de Mao. É apenas um mandarete que se contenta em aumentar o seu poder. Mas o método está lá, e isso é intimadatório.
Já agora, porque é que o actual director da ASAE foi demitido (da direcção de Viação, ou Rodoviária) por António Costa quando este era ministro da Admnistração Interna? É uma coisa que me faz espécie.
Francisco José Viegas (do blogue A Origem das Espécies)
4 Comments:
vocês deviam era ter vergonha de publicar um texto destes, mesmo não sendo vosso. Então comparar a ASAE portuguesa, deum país profunda e altamente democrático, com esses outros comunas (ou ex-comunas, o que vem dar ao mesmo, que a peste ainda não teve tempo de morrer)?!
a facilidade com que vocês caem nas armadilhas que o Xico Viegas vos monta!... (cá p'ra mim esse paleio do Xico é só para disfarçar: o gajo tb há-de ser comuna. Digo eu...)
Sátiro:
deixei um desafio no meu blog. Se quiser aceitar...
Obrigada por sua passagem e pouso no Fina Flor ;-)
Volte sempre que quiser!
beijos e boa semana
MM.
ps: nem preciso dizer que o sumiço tem a ver com o Sol na Boca, né? Quarta dia 28/05 será o último show da temporada [já viu as fotos?]....
Olá Toino, Este texto visava dar a conhecer a selvajaria soviética.
o nome "ASAE" servia de isco.
Não sei se foi esse o objectivo de FJV.
Mas com certeza ninguém compara a ASAE às quotas dos carrascos soviéticos!!!
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