O caso Charrua
Volto hoje ao caso do professor Fernando Charrua, suspenso por alegadamente ter ofendido o nome de Sócrates a propósito da sua licenciatura (ou não) em engenharia civil. Duas reacções merecem destaque: uma, a do professor Vital Moreira que, no seu blog, (www.causanostra.blogspot.com ) condena a atitude da directora regional de educação nos seguintes termos:
- "Há-os sempre, os zelosos guardiões do poder, excedendo-se na punição dos que se excedam no desrespeito ao poder. Não se dão conta, os zelosos, que no seu excesso só desajudam quem julgam proteger."
Também o constitucionalista Jorge Miranda vem a terreiro afirmar que:
- "quem deveria ser demitido era a directora a regional". Mas vai mais longe e afirma que, neste caso, "houve um delator, o que é uma coisa profundamente triste".
É precisamente aqui que quero chegar. Também o que mais me choca é o ambiente que se está a começar a viver nas escolas. Já ontem, em entrevista a uma das televisões, uma colega se lamentava do ar que se começa a (não) respirar nas escolas. É triste a situação a que chegou uma classe profissional que devia ser incentivada, e também responsabilizada, e se vê ultrajada a cada dia que passa. Mesmo por colegas de profissão. E o que aí vem não augura nada de bom. Se os professores são a favor duma avaliação séria e rigorosa - é bom que se repita isto - , tenho dúvidas que o processo escolhido seja o mais justo. Se numa primeira fase, esta avaliação assume um carácter quase que burucrático, daqui a dois anos temo o pior. As intrigas, os compadrios, a arbitrariedade vão emergir e conturbar todo o ambiente escolar. E cá estaremos para aferir da veracidade ou não do que aqui se afirma.
Num discurso proferido na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República, o deputado Paulo Rangel falava em "claustrofobia constitucional e política" a propósito dos sinais preocupantes de alguma restrição de liberdade. O primeiro-ministro, com a sua habitual arrogância, riu-se e fez de conta. A maioria da comunicação social passou ao lado do tema. Possivelmente por ter vindo de quem veio. Talvez agora este caso comprove que essas palavras não foram ditas em vão...
2 Comments:
a máxima é simples: dividir para reinar!
quando andar tudo à trolha por minudências, esquece-se o cínico gerador da discórdia!
lembro-me dos bufos de antes de Abril. eles estão aí... a seguir vem uma políacizinha de intervenção e defesa do estado...
rasuro, "políciazinho"
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