2.11.07

A ministra da educação e os números

Nos últimos dias têm vindo a público números respeitantes ao desempenho do ministério da educação. É fácil manipular os números, ainda para mais por um governo que quase sempre se mostra eficaz em acções de propaganda.
  • Tem-se afirmado que os níveis de retenção no secundário apresentam uma descida acentuada desde 2001, mas com incidência maior no último ano. Se olharmos com atenção para os números do 12º ano, essa descida, infelizmente, não se confirma. Nos últimos dois anos, como se sabe, os alunos matriculados nos cursos tecnológicos não são sujeitos a provas nacionais. Constatando-se que era precisamente este grupo de alunos que mais contribuía para as taxas de insucesso, conclui-se que, administrativamente, essa taxa desceu. Considerando apenas os cursos de carácter geral, as retenções até têm subido nos dois últimos anos (conferir jornal Público de 31 de Outubro). Mas mesmo que os números fossem verdadeiros, nenhum mérito deveria ser atribuído ao ministério, sim às escolas e aos professores.
  • Outro sofisma tem sido a tão propalada diminuição das despesas com a educação. Sem possuir estatísticas fiáveis, deixo apenas um comentário. Quanta desse diminuição de despesa não foi feita à custa do congelamento de carreiras em vigor há anos? E quando estas descongelarem, manterá o ministério a mesma posição?
  • Outro número que me merece alguma reserva tem a ver com o aumento do número de alunos a frequentar o ensino secundário. Será isso consequência de uma vontade intrínseca das pessoas em se valorizarem ou decorre antes de uma fuga ao mercado de trabalho e, consequentemente, ao desemprego?

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3 Comments:

Blogger lourenja.blogspot.com said...

Dizes bem, mas há outros factores que terão influenciado a atitude das pessoas:
Os politécnicos e universidades recebem em função do numero de alunos...
aumentou a concorrência em termos de carreira profissional;
a competitividade profissional está muito mais agressiva, salve-se quem puder, lei da selva;
a globalização retira a concorrência e enfatiza os monopólios;
os propagandistas anunciam que a aposta é na formação;
os responsáveis quiseram dar aos súbditos algo de que já beneficiaram em termos de formação...

4/11/07  
Anonymous Anónimo said...

Presumo que se a diminuição do insucesso se deveria a escolas e professores, a sua não diminuição também lhe deveria ser atribuída? Ou a lógica é uma batata?

4/11/07  
Blogger Vítor Amado said...

Carlos fontes: obrigado pela visita. O seu comentário remete para um raciocínio simplista.A grande maioria dos professores trabalha conscientemente e dá o melhor à escola e aos alunos. A excepção apenas confirma a regra. O insucesso dos alunos deve ser atribuído a múltiplos factores. Agora essa pseuda diminuição poderá ser responsabilidade de todos, menos do ministério da educação que nada tem feito. Pelo contrário; com o ataque sistemático aos professores apenas tem contribuído para a desmotivação dos docentes.Só mais um pormenor...Olhe que se os professores fossem uns irresponsáveis, pode crer que as taxas de insucesso se reduziriam a zero..

4/11/07  

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