3.12.11

António Barreto: Entrevista ao "i" (V)

António Barreto recebeu-nos no seu gabinete da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a que preside, um dia depois da greve geral. Compreende os motivos, mas garante que, num sector falido, a greve só agrava as coisas. E “o Estado está falido!” Quer saber de quem é a responsabilidade por Portugal ter chegado a este estado e diz que esta é uma crise histórica, de tal forma que, finalmente, pode ser que tenhamos aprendido a lição.







Que leitura faz desta greve geral?



Eu não me quero transformar numa espécie de juíz moral dos outros. Se os sindicatos, trabalhadores e partidos políticos consideram que há razões para convocar uma greve e há pessoas suficientes que justifiquem uma greve, posso não estar de acordo, mas quem sou para dizer que façam diferente.




Não lhe peço que julgue, mas que analise



Com os elementos que temos - e lamento que não haja elementos mais fidedignos, nem do Estado, nem da Imprensa, nem dos sindicatos -, todos os números que me chegaram, as impressões, os relatos da greve, estão muito partidarizados, muito comprometidos; quem é mais para a esquerda acha que foi uma grande greve, quem é mais para a direita acha que não. Estou convencido que foi uma greve eficaz nos transportes públicos, com a alguma eficácia no sector público e muitíssimo pouca adesão no sector privado. O essencial da economia quase não sentiu os efeitos da greve.
O sector dos transportes está falido...



Uma greve, num sector falido, não melhora as coisas, agrava-as. Percebo que muitas pessoas estejam a viver um clima de incerteza, mas não me parece que a greve ajude a resolver os problemas, que resultaram das opções económicas, estratégicas, financeiras e políticas dos últimos dez, quinze ou vinte anos, que, nalguns casos, poderá incluir má gestão…




O Estado tem sido incompetente?




Os transportes públicos parecem estar a ser geridos, em alguns casos, como projectos megalómanos e com muito pouca seriedade nos estudos de rentabilidade, de investimento público, de retorno económico, o que conduziu a muitos milhões de dívida de que são responsáveis. E, para mim, este sector é prioritário, inclusivamente creio que o sistema de transportes, no estado em que está, é até um obstáculo ao investimento, interno e externo.

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