Poema da Semana
As Palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade, in Do Coração do Dia, 1958
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade, in Do Coração do Dia, 1958
Etiquetas: Poesia
3 Comments:
Hermoso poema. Tan suave y càlido como tu ciudad.
Estuve en Lisboa hace muchos años y la recuerdo azul, amable y gentil con sus visitantes. ¡Añoro volver!
Saludos desde Caracas
Bem escolhido! São realmente assim, as palavras...
Que lindo!
Adoro conchas e amo poesia....
Sim, as palavras quando usadas podem ser cristal, iluminar muita coisa a sua volta.
Todavia, em dados momentos, torna-se um verdadeiro punhal.
Acredito que devemos ficar muitas vezes calados. As palavras têm a capacidade de elevar a pessoa e de diminuir alguém que já esteja mal.
Tenho pensado nisso, estou preferindo ficar mais calada e deixar que falem, mesmo que falem mal.
Palavras são melodias se cantadas com o vento....
Podem não ser pronunciadas, mas muitas vezes são sentidas.
Mari.
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